Um gesto de solidariedade de uma família contribuiu para mudar a vida de pelo menos seis pessoas no Paraná. Após a morte cerebral de uma funcionária pública, os familiares respeitaram uma vontade que ela já havia manifestado em vida e autorizaram a doação de órgãos.
A captação foi a primeira realizada no Hospital do Coração de Londrina - que passa a integrar a rede de hospitais habilitados a realizar esse tipo de procedimento na região - e mobilizou uma equipe de 15 profissionais, entre eles cinco médicos, na noite desta sexta-feira(2).
Coração, rins, córneas e fígado da doadora mostraram-se aptos a ser transplantados. O coração foi doado para um jovem da região de Londrina. O transplante ocorreu na noite de sexta-feira e início da madrugada de sábado (3), na Santa Casa de Londrina. O procedimento foi realizado com sucesso pelos cirurgiões cardiovasculares Arnaldo Okino e Rafael Santoro.
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Rins, córneas e fígados seguiram, de avião, para Curitiba, onde seriam transplantados para outros pacientes, todos do Paraná, segundo Ogle Beatriz Bacchi de Souza, coordenadora da Comissão de Procura de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Copott) para a macrorregião de Londrina. "Além disso, o coração do paciente que recebeu o novo órgão em Londrina também seguiu para Curitiba, pois dele poderá se aproveitar as válvulas aórtica e pulmonar", comemorou o cirurgião Rafael Santoro.
A coordenadora da Copott relata que o número de doações de múltiplos órgãos aumentou de forma considerável nos últimos anos. Em 2011 foram 17 na região. Em 2012 já ocorreram seis em praticamente dois meses. A expectativa é um crescimento de 100% em relação ao ano anterior.
"Está havendo esforço das comissões intra-hospitalares, maior preparo dos médicos que atuam em UTIs em relação ao protocolo de morte encefálica e melhor resposta da sociedade, que começa a compreender que a morte cerebral é irreversível e verificada por meio de um protocolo muito rigoroso", explica Ogle.