A retirada de rim para transplante intervivo ou para o tratamento de tumores renais passa a contar com uma técnica minimamente invasiva. Trata-se da cirurgia por orifícios naturais, Notes/Less (sigla em inglês), que é realizada pelo umbigo ou pela vagina.
Segundo o médico Aníbal Wood Branco, urologista do Hospital VITA Batel, o procedimento é realizado tanto para a retirada de um tumor renal, quanto de um rim saudável (utilizado para doação intervivo). No caso de pacientes do sexo feminino, a extração do órgão pode ser realizada pelo umbigo ou pela vagina - o rim sadio ou doente é retirado sem a necessidade de cortes.
O médico explica que o procedimento acelera a recuperação e diminui as cicatrizes. A técnica, além de ser minimamente invasiva, é mais rápida e minimiza os riscos pós-cirúrgicos, principalmente nos casos de doação. "No transplante, o órgão não pode ser machucado. E esse procedimento promove uma boa extração", ressalta.
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Atualmente, o transplante de rim intervivos pode ser realizado por lombotomia (corte na região lombar), que deixa uma grande cicatriz, e por videolaparoscopia, com um pequeno corte no baixo ventre, semelhante ao de uma cesariana. Segundo Branco, as principais vantagens da cirurgia de porta única são uma recuperação mais rápida e um melhor resultado estético.
Na técnica, que substitui a laparoscopia, é introduzido um endoscópio flexível (aparelho que faz uma inspeção visual dos órgãos e os opera) e instrumentos especiais, por meio de um corte de aproximadamente dois centímetros. O aparelho é capaz de fazer curvas e percorrer todo o abdômen até chegar ao rim. A cirurgia é realizada com anestesia geral e dura cerca de uma hora.
Para o médico, as cirurgias que utilizam orifícios naturais podem vir a representar ganhos ainda maiores que os da laparoscopia. Com esta técnica, provavelmente o paciente não precisará tomar analgésicos no pós-operatório. "Além disso, na laparoscopia, é indicado que o paciente fique sem realizar esforços físicos. Já com o Notes, o paciente pode retornar às atividades cotidianas em 48 horas", acrescenta.
Do Brasil para o exterior - O Brasil é um país pioneiro no desenvolvimento desta técnica, colocando-o em destaque frente a Europa e Estados Unidos. O urologista, que utiliza a técnica desde 2009, já a apresentou também em congressos em Estocolmo, Paris e Chicago (duas vezes), e participou de um estudo científico sobre a técnica, que envolveu 16 instituições de todo o mundo.
O material foi publicado nas revistas Americana e Europeia de Urologia e Dr. Branco foi o único brasileiro a fazer parte do projeto. Da América Latina havia apenas mais um representante: um médico da Venezuela. Em setembro, o especialista apresentou novamente esta técnica no Congresso Mundial de Endourologia, realizado em Istambul, na Turquia.