As secretarias estadual e municipal da Saúde divulgaram nesta terça-feira (19), em Curitiba, os primeiros resultados da investigação sobre uma possível contaminação de nutrição parenteral (alimentação intravenosa administrada a pacientes que não podem utilizar a alimentação convencional). A nutrição foi distribuída em 13 hospitais públicos e particulares de Curitiba e interior do Paraná e para serviços de saúde dos estados de São Paulo e Santa Catarina.
Os lotes suspeitos foram utilizados entre os dias 12 e 14 de novembro. Os primeiros casos foram notificados à Secretaria de Saúde de Curitiba no final da tarde de quinta-feira (14). Imediatamente, as vigilâncias sanitárias estadual e municipal determinaram a suspensão da produção e distribuição de qualquer produto fabricado pela empresa Nutro – Soluções Nutritivas, com sede em Curitiba, e começaram as investigações.
"O que levou os hospitais a suspeitarem da nutrição foi a piora do estado geral de alguns pacientes que utilizaram a alimentação e a análise de amostras pelo controle de qualidade da empresa, que apresentou indícios de contaminação", afirmou o superintendente estadual de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz.
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Cerca de 80 pacientes receberam a nutrição parenteral desta empresa nos dias informados. Destes, 20 apresentaram agravamento no quadro clínico e seis são suspeitos de morrerem em decorrência da contaminação. As mortes investigadas aconteceram em Curitiba (3), Campo Largo (2) e Francisco Beltrão (1).
O superintendente esclarece que neste momento os pacientes que precisam deste tipo de nutrição estão recebendo produtos de outras empresas. "O produto suspeito não está mais sendo utilizado. Toda a produção, que é diária e receitada individualmente para cada paciente, já foi retirada do mercado e dos serviços de saúde", reitera.
Os pacientes com suspeita de contaminação estão sendo monitorados pelos hospitais e pelas equipes da vigilância do estado e dos municípios. "Também comunicamos a Anvisa e as vigilâncias dos outros estados para que nos mantenham informados da evolução dos pacientes, melhora ou piora do quadro clínico", explicou Sezifredo Paz.
De acordo o médico infectologista Moacir Pires Ramos, quando uma bactéria é introduzida na veia do paciente pode causar a piora do estado geral e febre. "Os pacientes relacionados já tinham casos clínicos graves, portanto ainda não é possível dizer que a alimentação foi o fator determinante para as mortes suspeitas", afirmou.
As análises das amostras serão feitas pelo Laboratório Central do Estado (Lacen) do Paraná, em parceria com o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da FioCruz, localizado no Rio de Janeiro. As conclusões preliminares devem sair em aproximadamente 30 dias. Caso fique confirmada a contaminação, a empresa poderá sofrer sanções na área administrativa e criminal.
Veja a lista dos hospitais que receberam a alimentação sob suspeita:
Curitiba e Região Metropolitana:
Hospital de Clínicas
Hospital Pequeno Príncipe
Hospital do Trabalhador
Hospital Nossa Senhora do Pilar
Hospital Infantil de Campo Largo
Maternidade São José dos Pinhais
Litoral e interior do Paraná:
Hospital Costa Cavalcanti
Hospital Regional do Norte Pioneiro
Santa Casa de Campo Mourão
Hospital São Lucas - FAG
Policlínica Pato Branco
Hospital Regional do Sudoeste
Hospital Regional do Litoral
Santa Catarina
Hospital em Lages
Hospital em Balneário Camboriú
São Paulo
Hospital em Itanhaém
Hospital em Pariquera Açu