O médico Lauro Brandina, conhecido por realizar o primeiro transplante de rim do Paraná, em 1973, morreu na madrugada deste domingo (24) em Londrina. O corpo foi cremado nesta tarde no Parque das Allamandas. Brandina faleceu vítima de problemas cardíacos.
Lauro atuou como professor titular na UEL por 24 anos. Neste período, também foi preceptor das residências médicas de Urologia em Londrina. Seu currículo indica cargos de extrema importância e relevância, como Presidente e posteriormente Chefe do Departamento dos Transplantes Renais da Sociedade Brasileira de Urologia, Hospital Evangélico e Santa Casa de Londrina. O médico também foi membro fundador e pertenceu à 1ª diretoria da Associação Brasileira de Transplantes de órgãos no Brasil.
Cirurgia inédita
O primeiro transplante de rim do Paraná foi realizado em 10 de junho de 1973, no Hospital Universitário de Londrina, por uma equipe de 25 profissionais; docentes e funcionários da UEL. Dentre eles, o chefe da equipe, Lauro Brandina.
"O entusiasmo que encontrei aqui foi excepcional", contou Lauro em entrevista ao portal do servidor aposentado da UEL. Ele lembra que o centro cirúrgico do HU estava localizado na Rua Pernambuco e precisou ser reformado e equipado especialmente para a cirurgia. O paciente era Egídio Ramazotti, um operário de uma fábrica de tijolos diagnosticado com insuficiência renal crônica com 24 anos e o doador compatível foi seu próprio irmão. "O receptor viveu com o órgão transplantado por mais de 30 anos, vindo a falecer por outra causa não relacionada ao rim ou ao transplante."
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Além de ser o primeiro transplante no Paraná, foi um dos primeiros no Brasil, pois mesmo nas capitais, o procedimento ainda não era realizado. Lauro diz que a cirurgia teve grande repercussão nos veículos de comunicação e recebeu homanagem na Câmara Federal: "Londrina passou a ser referência nacional na área de Urologia e aqui vieram inúmeras equipes do Brasil para serem treinadas e assistir ao procedimento."
Em outubro deste mesmo ano, a equipe realizou no Paraná, o primeiro transplante com doador cadáver. Em seguida, foi realizado também o primeiro transplante em crianças. Deste então, a equipe já realizou mais de 1.500 transplantes.
Orgulhoso, ele conta que realizou outro feito inédito: comprovou que era possível utilizar o rim ferradura, até então considerado impróprio para transplante. Lauro obteve reconhecimento pelo feito e teve o nome como referência em livros de medicina.