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Doenças crônicas

População não sabe diferença entre bronquite e asma

Agência Estado
07 mar 2011 às 08:31

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- Reprodução
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Pesquisa encomendada pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) mostra que grande parte das pessoas não sabe diferenciar asma de bronquite, duas doenças crônicas com causas e tratamentos completamente diferentes. Especialistas alertam que a falta de informação faz com que as pessoas subestimem a asma e demorem para procurar ajuda.

Só a asma provoca por ano no País 350 mil internações e 3 mil mortes. "Muitas mães chegam ao consultório dizendo que o filho está com bronquite, quando na verdade a criança tem asma", afirma Roberto Stirbulov, presidente da SBPT.

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Ele explica que a bronquite crônica é considerada uma doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), assim como o enfisema pulmonar. O tabagismo é responsável por cerca de 80% dos casos, sendo os demais causados por exposição a outras fumaças tóxicas, como a do fogão a lenha, ao longo de vários anos. Por isso, acomete apenas adultos. A asma é uma doença hereditária e com forte componente alérgico. Atinge pessoas de todas as idades, mas é mais comum em crianças.

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Parte da confusão pode ser observada no levantamento feito pelo Datafolha, com 2.242 pessoas com mais de 16 anos. Quando questionadas sobre os fatores que desencadeiam a bronquite, 55% dos entrevistados mencionam erroneamente clima frio ou úmido e, 53%, pó ou poeira. Já a fumaça do cigarro, que é a principal causa, ficou em terceiro lugar, sendo mencionada por 52%.

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Quando perguntados sobre os fatores de risco para o desenvolvimento de asma, apenas 17% mencionaram o histórico familiar da pessoa.


"Os asmáticos costumam se referir à doença como bronquite alérgica ou bronquite asmática. Isso porque existe a ideia de que asma é uma doença grave, enquanto bronquite é mais leve e passageira", afirma Tânia Lucia Nen da Silva, presidente da Associação Brasileira de Asmáticos (ABRA). Essa confusão, diz ela, faz com que as pessoas subestimem a asma e se esquivem do tratamento.

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Tânia defende que, assim como a diabete ou a hipertensão, a asma deve ser tratada ao longo de toda a vida. "Os portadores devem ir com frequência ao médico e tomar os remédios não apenas quando têm uma crise." Os medicamentos para controle da asma estão disponíveis na rede pública.


Inaladores. Para o pneumologista Oliver Nascimento, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), muitos asmáticos fogem do tratamento pelo preconceito existente contra os inaladores - popularmente conhecidos como bombinhas. "Muita gente acha que fazem mal para o coração, que engorda, que vicia. Mas os medicamentos são seguros. Tem baixa dosagem e atuam apenas no pulmão", garante.

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Nascimento explica que existem dois tipos de inaladores: aqueles que atuam como broncodilatadores e trazem alívio durante as crises, e aqueles que tratam a inflamação, prevenindo que novas crises ocorram.


Além da medicação, outras medidas podem ajudar a manter a asma sob controle, como evitar o cigarro e os fatores ambientais que desencadeiam as crises. Praticar esportes é recomendado, bem como a fisioterapia respiratória nos casos mais graves.

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Com essas medidas, o paciente com asma pode ter vida normal, afirma o presidente da SBPT. No entanto, diz Stirbulov, muitos convivem com a falta de ar e o chiado e somente procuram o médico quando há piora. "O tratamento torna-se então mais demorado, necessitando muitas vezes de internação e até terapia intensiva", alerta.


A publicitária Samantha Borges, de 37 anos, passou diversas vezes por essa experiência durante a infância. "Na minha época existiam apenas as bombinhas para aliviar as crises, mas não o tratamento de manutenção. Quase toda semana eu parava no hospital e fui internada diversas vezes", conta.

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Samantha diz que a doença limitava muito suas atividades. "Durante um bom tempo parecia que eu vivia numa bolha. Cheguei a simular uma crise para não fazer aula de educação física. Temia ter uma crise de verdade, pois era só começar a correr que o peito chiava", relata.


Ela temia que o drama se repetisse com o filho Gabriel, hoje com 4 anos. "Ele chegou a ser internado, mas depois que acertou a medicação nunca mais teve problema. Hoje é uma criança que brinca sem limitações."

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Entenda



Asma


Doença crônica de causa genética, com forte componente alérgico. Provoca inflamação nas vias respiratórias. A exposição a fatores alergênicos, como o pó doméstico, faz os brônquios se fecharem, causando falta de ar, chiado no peito e tosse. Fatores emocionais e climáticos também podem desencadear as crises. Uma a cada cinco crianças no País tem asma, segundo dados médicos. Entre os adultos, a proporção cai pela metade.


Bronquite crônica


A exposição constante a substâncias irritantes, como a fumaça de cigarro ou outros produtos químicos, causa a inflamação dos brônquios. Além de falta de ar, outro sintoma é a tosse com secreção, conhecida como pigarro. Pode evoluir para enfisema pulmonar, que afeta também os alvéolos, caso a exposição à fumaça não seja interrompida.


Bronquite aguda

É a inflamação dos brônquios causada por um vírus ou por uma bactéria. Dura apenas alguns dias e desaparece após o tratamento correto. Muitas pessoas confundem esse tipo de bronquite aguda com crises de asma.


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