Após o prefeito de São Pedro dos Crentes, no Maranhão, associar o número de mortes por Covid-19 com a utilização dos ventiladores pulmonares, muitas pessoas tomaram a alegação como verdade. Porém, não é certo pensar que esses ventiladores, popularmente conhecidos como "respiradores”, seriam os responsáveis pela morte de pacientes internados pela Covid-19. A Médica pneumologista Janne Takahara conversou com a Folha de Londrina e explica o funcionamento do equipamento e como ele é um aliado vital no tratamento do novo coronavírus.
Falso!
Para que serve o ventilador?
Leia mais:
Investigação sobre desvios em compra de vacina da Covid volta ao STF, e PGR analisa em segredo
Droga injetável contra HIV é eleita descoberta de 2024 pela revista Science
Estudo sugere que consumo de chocolate amargo está ligado à redução no risco de diabetes tipo 2
Lula tem alta da UTI e passa a ter cuidados semi-intensivos no hospital
A Covid-19 é uma doença causada por um vírus pertencente aos coronavírus, os mesmos responsáveis por outras doenças respiratórias como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). Entre outros efeitos, essas doenças podem causar insuficiência respiratória ao infectado, ou seja, o indivíduo pode apresentar dificuldade para respirar em diversos graus. Janne explica que o processo inflamatório ocorrente nos pulmões impede uma troca gasosa adequada. Assim, não há oxigênio suficiente na corrente sanguínea. A médica lembra que "o oxigênio, como é um gás, não existe em comprimido”. É aí que entra o papel dos ventiladores. Eles fornecem suporte mecânico para que o pulmão continue funcionando e fornecendo oxigênio para o corpo.
Todos os infectados usam o aparelho?
É importante saber que nem todos os infectados pelo vírus passarão pelo tratamento utilizando ventiladores, apenas aqueles que estiverem em quadros mais avançados da doença. Em uma pequena parcela dos infectados, a respiração natural se mostra insuficiente pois o pulmão entra em falência muscular, uma espécie de cansaço dado o esforço que ele precisa exercer para respirar. "Se eu machuco um braço, eu consigo deixá-lo quietinho, descansando. Agora, respiração eu não consigo”, compara Janne. Para esses pacientes, no primeiro momento, é recomendado o uso de aparelhos não invasivos que fornecem ar sob pressão ao organismo.
Porém, se esse equipamento não for eficaz, é preciso que o paciente seja submetido a um ventilador invasivo. É hora de ser intubado. Uma parte menor ainda dos infectado chega a esse estágio mais grave da Covid-19, e geralmente está relacionado com situações pré-existentes ao paciente, como insuficiência cardíaca ou renal, por exemplo.
*supervisão de Patrícia Maria Alves (editora)