Pílulas

A tosse crônica tem cura?

31 dez 1969 às 21:33

A tosse é um mecanismo de defesa do organismo, já que provoca a expulsão de muco, catarro e até de corpos estranhos, providenciando a limpeza dos pulmões e da garganta. Nos EUA, cerca de US$ 1 bilhão é gasto anualmente com o tratamento da doença. No Brasil, apesar de não haver dados oficiais, sabemos que muito se gasta em xaropes para o controle da tosse.

Os dois principais tipos de tosse são a produtiva (apresenta formação de secreções) e a seca. Também podemos classificá-la como crônica e aguda.


Cada tipo de tosse está relacionada a uma causa ou doença específica. A aguda, por exemplo, tem como causa mais frequente uma infecção viral das vias respiratórias. Trata-se de uma manifestação secundária, sendo resultado da drenagem de secreções nasais que atingem a garganta.


Já a tosse seca é resultado da sensibilização de receptores da tosse, que podem ser do ouvido, da garganta, da pleura, da traquéia ou dos brônquios.


A tosse crônica pode ser atribuída a diversas causas. Asma, bronquite, rinite, sinusite, doença de refluxo gastroesofágico e doenças do coração são as mais frequentes. Mas não se pode menosprezar agentes como poluição, poeira e fumaça de cigarro. Aliás, a tosse crônica dos fumantes, acompanhada por um ''pigarro'', é bastante conhecida.


O tratamento da tosse deve estar relacionado diretamente com o da doença de base. Não se deve recomendar xaropes. Quando a tosse se apresentar de forma seca e irritativa, sobretudo quando perturbar o sono, é possível lançar mão de antitussígenos. Porém, há que se considerar sempre a relação risco-benefício, admitindo-se que se está suprimindo um mecanismo de defesa, com a possibilidade de retenção de catarro e agravo da doença, sobretudo em idosos.


Os pacientes devem procurar um pneumologista quando o catarro expelido tiver uma coloração amarela ou verde; a tosse persistir por mais de sete ou dez dias, mesmo quando a doença de base (resfriado ou gripe, por exemplo) já se apresentar controlada; a tosse se estender por mais de duas semanas sem causa aparente; a tosse vier acompanhada por episódios de febre ou houver expectoração de sangue juntamente com a mucosa.

João Geraldo Simões Houly, pneumologista (SP)


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