Nesta quinta-feira (1º), Leonice Pereira de Carvalho estará a poucos metros do rapaz acusado de acabar com quase todos os seus sonhos. Ele é Marlo Augusto Salviano, com recém-completados 25 anos, preso desde 9 de dezembro de 2016 na PEL 2 (Penitenciária Estadual de Londrina).
Se a data é a oficial de detenção do jovem, também é a que Leonice passou a conviver com uma dor diária. A terceira filha dela, Evelyn Gabriele Pereira da Silva, na época com 16 anos, foi morta por sucessivos golpes de facada nos fundos de um imóvel na rua do Pêssego, no jardim Marabá, região leste de Londrina.
"Havia sangue para todo lado", disseram os policiais militares que chegaram primeiro no endereço. Segundo o relato, Marlo estava em cima do corpo de Evelyn com duas facas. A garota já estava sem vida. Banhada de vermelho, a pequena dependência foi o capítulo final de um relacionamento marcado por ciúmes e brigas.
À repórter Simoni Saris, da Folha de Londrina, Leonice contou que o namoro entre Evelyn e Marlo começou quando a menina tinha 12 anos. A reprovação da mãe ficou evidente na primeira aparição do novo membro da família. "Não gostei dele porque o achei muito moleque. Ele não trabalhava, mas ela (Evelyn) insistia para manter o relacionamento".
Apaixonada, a garota, mesmo com a negativa de Leonice, resolveu ir morar com o namorado. Semanas depois, descobriu que estava grávida. Com a chegada do bebê, Marlo tentou mudar os hábitos. "Ele parecia que estava amadurecendo, mas era só fachada".
Para Leonice, o jovem deixou o emprego que tinha conquistado há pouco tempo. As brigas com Evelyn se intensificaram. "Minha filha não queria morar com a sogra. Ela deu um ultimato para que o Marlo se encaixasse em algum serviço. Foi aí que a Evelyn rompeu o namoro. Mas, para ele, o relacionamento não tinha acabado", observou.
Cara a cara com a juíza da 6ª Vara Criminal, Zilda Romero, o rapaz disse que a ex-companheira teria iniciado a confusão que terminou no assassinato. "Eu não me recordo do que aconteceu". Porém, no mesmo interrogatório, Marlo afirma que "nunca teve problemas com a perda de memória". Depois do fatídico episódio, ele, que também ficou ferido, passou uma semana internado na Santa Casa.
O advogado Sérgio Barroso, que defende o jovem, não quis adiantar qual tese irá apresentar no Tribunal do Júri, mas frisou as mesmas palavras dadas por seu cliente à magistrada. O julgamento começa às 9h.