"O juiz deve sentir o clamor da sociedde, a quem a Justiça deve servir. Deve, por outras palavras, perceber se a comunidade está abalada com a crescente banalização da violência, com o aumento de infrações penais, enfim, com as constantes situações que exigem uma pronta resposta da Justiça, sob a pena de incorrer a função do juiz no desprestígio e total descrédito, o que levaria mais e mais pessoas de bem a pensar que podem fazer "justiça com as próprias mãos".
Essa é a síntese da decisão da última sexta-feira (19) do juiz da 4ª Criminal de Londrina, Luiz Valerio dos Santos, que decretou a prisão preventiva de dois rapazes suspeitos de envolvimento no latrocínio (roubo seguido de morte) do subtenente Ernani Euzébio da Silva, 55 anos, na semana passada. Ele foi morto após uma tentativa de assalto enquanto estava na casa de um de seus vizinhos, na rua Irene Perine Acquarole, jardim Santa Alice, região leste da cidade.
O despacho também revela detalhes da detenção da dupla na madrugada seguinte ao crime. No jardim Santa Fé, policiais militares teriam encontrado roupas com vestígios de sangue e 26 gramas de crack, divididas em quatro porções e 38 pedras. Além disso, quatro munições de calibre 38 foram apreendidas na residência de um dos suspeitos. Ele só foi localizado depois que o comparsa teria revelado o nome do companheiro como motorista do Ômega e do revólver 38, que, segundo a Polícia Militar, foram usados no latrocínio.
Os jovens também foram autuados por associação criminosa, tráfico de drogas e posse ilegal de munição de uso permitido. "O presente caso é um exemplo da situação que não pode passar à distância dos olhos do magistrado. Evidencia ainda mais a violação da ordem pública", disse o juiz.
Segundo as investigações, o subtenente Silva não teria notado a presença de uma terceira pessoa na casa, sendo que esta teria baleado a vítima. Além da dupla, outras duas pessoas teriam participado do crime. Uma morreu em confronto com policiais do Choque no jardim São Jorge, região norte, na madrugada de domingo (21). O outro suspeito permanece foragido.