Estava tudo pronto na VEP (Vara de Execuções Penais) para que o juiz Luiz Valério dos Santos recebesse Edynaldo Raimundo da Silva, 23 anos, para apenas uma das várias audiências de custódia marcadas para aquele dia. Ele é suspeito de quebrar uma janela do Santuário Apostólico São Judas Tadeu, na avenida Vicente Bocuti, no jardim Maria Lúcia, região oeste de Londrina, e furtar um crucifixo da igreja. Foi preso em flagrante pela Polícia Militar, acionada por vizinhos que estranharam o barulho na madrugada de 24 de setembro.
O tempo foi passando, e o magistrado estranhou a demora do detido. Desconfiado, pediu explicações ao Depen (Departamento Penitenciário do Paraná) do paradeiro do rapaz, conforme o próprio termo da sessão. A resposta um tanto quanto inusitada veio dois dias depois, em um ofício endereçado ao titular da VEP, Katsujo Nakadomari. Edynaldo, que assinou o documento, informou apenas que se recusou a sair da cadeia para a audiência e exames de lesões corporais no IML (Instituto Médico Legal) por vontade própria.
Ele está preso preventivamente. Antes de ser indiciado por furto qualificado, negou ao delegado Jayme José de Souza Filho que tivesse arrombado a paróquia. "Eu estava descansando na calçada. Foi quando parou um Escort branco, o cara desceu e estourou lá. Quando os policiais chegaram, disseram que eu tinha quebrado a janela", explicou. Durante o interrogatório, confessou que havia rompido a tornozeleira eletrônica há cerca de três meses.
O benefício foi concedido em abril depois que Edynaldo acabou condenado duas vezes pela 5ª Vara Criminal por furto. O diácono do centro religioso confirmou ao delegado que viu o jovem "com o crucifixo em uma das mãos". Moradores do bairro disseram à PM que viram outra pessoa pulando o muro, mas ela conseguiu fugir. O Ministério Público ainda vai decidir se oferece ou não a denúncia do caso.