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Cinco perguntas (e respostas) sobre o Kindle

15 out 2009 às 17:27

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A partir do dia 19 de outubro os brasileiros, assim como os habitantes de outros 98 países, poderão comprar o leitor digital Kindle, da Amazon. A versão disponível para compra fora dos Estados Unidos custará US$ 279,00. Com custos de frete e impostos, a novidade chegará até o consumidor brasileiro por algo em torno de US$ 585,00 ou cerca de R$ 1.050,00. Mas vale a pena preparar o cartão de crédito para essa compra? Veja as principais informações sobre a novidade e decida.

1) O que é Kindle?
É um dispositivo da Amazon – a maior livraria da internet – que permite a leitura de arquivos de texto nos formatos Kindle (AZW), TXT, Áudio-livro (Audible Enhanced (AA, AAX)), MP3, MOBI, PRC, PDF, HTML, DOC, JPEG, GIF, PNG e BMP. Trata-se de um equipamento de função específica que permite que o usuário faça o download de livros via Wi-Fi ou rede 3G e os leia. A capacidade interna de memória (2Gb) suporta cerca de 1500 títulos.

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Nos EUA, onde o uso do Kindle (e de outros e-readers) tem se popularizado, o usuário do sistema também tem a opção de comprar assinaturas de jornais, como o New York Times.

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2) Qual a vantagem do Kindle em relação a outros dispositivos que permitem a leitura de livros digitais?
Outros equipamentos, como o Ipod Touch, Iphone, Palm e smartphones também permitem a leitura de arquivos de texto, notadamente os PDFs. Há também outras opções de e-readers.

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Em relação a gadgets como o Iphone, a grande vantagem do Kindle é ter uma tela que tem baixa emissão de radiação. A tecnologia da tela do Kindle imita a impressão tradicional em papel. Isso agride menos a visão e cansa menos o leitor. Em outras palavras, torna a leitura mais confortável.


Mas o que diferencia o Kindle de outros e-readers? A grande vantagem dele é estar integrado a Amazon. Isso facilita a compra e download de livros. A estratégia da Amazon é semelhante a da Apple, que integrou seus iPods a loja iTunes, facilitando a vida do consumidor.

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3) Em relação ao livro comum, o que o Kindle traz de novo? Se eu comprar o e-reader, nunca mais vou comprar um livro?
O livro tradicional é um produto simples, de fácil acesso e que tem a vantagem de não precisar de bateria, alimentação de energia para ser consumido. A bateria do Kindle dura dias no modo leitura, mas acaba. Sem falar nos acervos já estabelecidos, que certamente não vão perder a utilidade. Não há porque achar que o e-reader substitui o livro. É como achar que o DVD vai acabar com o cinema. Cada produto tem seus atrativos.


Claro que o Kindle tem os dele. Arrisco-me a apontar dois. O primeiro é o recurso de permitir busca textual no acervo salvo no equipamento. Se você faz ou vai fazer graduação ou pós-graduação, é bastante provável que se veja às voltas com a necessidade de encontrar citações em livros que nem sempre têm índice remissivo. A busca textual facilita isso.

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Outra vantagem é permitir o transporte de centenas de livros de um lugar para outro sem o incoveniente do peso. Mas a não ser que você vá ficar perdido numa ilha ou vá dar a volta ao mundo e queira levar sua biblioteca junto, essa não é uma funcionalidade tão essencial.


4) O Kindle revoluciona a leitura?
As pessoas adoram dizer que novos produtos revolucionam a vida. O Kindle realmente traz novidades, mas não altera tanto assim a forma como as pessoas se relacionam com os livros.

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Mas podemos prever alguns movimentos do mercado que serão consequência da entrada do Kindle no mercado mundial. Primeiro, jornais de todos os tamanhos vão correr para tornar seus conteúdos compatíveis com o sistema Kindle. Assim como correram para adaptar seus sites ao iPhone mesmo antes desse gadget chegar ao Brasil.


Segundo, a negociação de direitos de publicação das obras em formato digital vão começar a fazer parte do dia-a-dia das editoras brasileiras. A atual lei dos direitos autorais não fala diretamente em publicação digital, mas já contempla o assunto uma vez que permite que uma empresa publique o conteúdo adquirido do autor em diferentes suportes, desde que estes sejam da mesma empresa.

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A publicação digital, assim como qualquer publicação, exige a autorização expressa do autor. A tendência é que cada vez mais os autores se vejam diante de contratos que contemplem o uso da obra em diferentes suportes.


O livro Kindle vai ganhar espaço do livro tradicional? Talvez. Toda novidade tem seu atrativo e impulsiona as vendas. Mas na ponta do lápis, o primeiro argumento pela digitalização da leitura não convence. Na Amazon, títulos para o leitor digital custam US$ 9, cerca de R$ 16,00. Nas grandes livrarias americanas, títulos podem ser adquiridos por menos.

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No mercado americano, os livros com boa expectativa de desempenho no mercado são primeiro comercializados em formato capa dura, com preço em torno de US$ 20. Depois do lançamento, o mercado já disponibiliza a mesma publicação em outros formatos e preços mais acessíveis. Mas títulos mais antigos tem edições baratas, com preços em torno de US$ 10.


Mesmo para turistas e viajantes em geral, o preço baixo das publicações americanas é atraente. Isso porque eles são isentos de impostos no Brasil e não estão submetidos a cota de US$ 500 para compras no exterior. Em outras palavras: o único empecilho para a compra de livros numa viagem aos EUA é o limite de peso das bagagens no vôo de volta.


Também é bom lembrar que o Kindle tem só dois anos de vida, mas já amargou um episódio negro em sua história. A Amazon teve a ideia pouco genial de acessar o acervo de seus clientes e apagar arquivos de livros cujo contrato de concessão de direitos junto à empresa foi questionado. Os usuários que sofreram com a invasão ficaram chocados com a atitude da empresa. E Amazon foi recentemente condenada a pagar US$ 150 mil em indenização a um estudante que se sentiu prejudicado pela ação.


5) Vale a pena comprar o Kindle?
Se você é uma pessoa agraciada com o dom da abastança, divirta-se. Mas para quem não tem dinheiro sobrando, acho que o melhor é esperar. Primeiro porque outros readers vão chegar ao mercado brasileiro, e é sempre bom ter opção. Segundo porque o equipamento é muito caro pelo que oferece.


Lembre-se que o Kindle é um leitor digital. Só um leitor digital. Seu sistema não permite a navegação na internet nem outras funções igualmente atraentes. Nos EUA, o Kindle custa menos de R$ 500. A maior parte do preço dele para brasileiros é de frete e custos com impostos. Uma operação de importação talvez reduzisse consideravelmente esses valores.

Terceira razão: a operação de venda do Kindle em 99 países é ambiciosa. É possível que aconteçam problemas que a Amazon terá que resolver. Quem aguardar para comprar terá a vantagem de pegar um produto com eventuais dificuldades já sanadas.


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