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Nem tudo é transparência na web

23 mar 2010 às 19:00

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Já virou rotina. Depois das denúncias os gestores publicos se apressam em dizer que vão ser transparentes, colocar tudo à disposição da população na web. É o que aconteceu no recente episódio que envolveu a Assembleia Legislativa do Paraná. Segundo o presidente da Casa, deputado Nelson Justus (DEM), os tais "diários secretos" vão ser publicados na web. E pronto! A falta de transparência estará resolvida... certo?

Errado. Publicar dados públicos na internet não é sinônimo de torná-los acessíveis. E o que impedia o acesso a documentos não era a falta de digitalização deles. Tornar público é tornar acessível. Isso pode ser feito, por exemplo, disponibilizando os documentos em uma biblioteca sem a necessidade de documentos, ofícios e carimbos para que o povo possa consultá-los.

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Mas se a internet não é sinônimo de transparência ela também é uma nova forma de iludir o cidadão com uma promessa que não se cumpre. O que os governantes fazem na internet, ao serem "transparentes". é a versão moderna do soterramento do público em papel. No passado quando uma autoridade não queria tornar públicas certas informações, o que se fazia era entregar ao interessado toneladas de documentação sem qualquer organização, soterrando-o de papéis.

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Na web, a versão moderna desse golpe chama-se PDF. O melhor exemplo disso é a tal lista de salários dos servidores divulgada pelo governador Roberto Requião. Pois bem, o tal documento tem mais de quatro mil páginas. E é protegido. Se você quiser consultar, é fácil, mas é impossível fazer qualquer cruzamento de informação com base nesses dados, a não ser que se redigite o documento.

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Isso significa que quem quiser saber quanto ganha o Zé da Silva até consegue descobrir. Mas quem quiser saber quantos funcionários do governo ganham entre R$ 12 mil e R$ 18 mil só vai conseguir essa informação se copilar os dados manualmente. Como a base de dados tem quatro mil páginas, dá para imaginar a dificuldade.


Pois pode escrever aí: os tais diários da Assembleia vão ser publicados em PDF. Quem quiser pesquisar nomes, datas, valores vai ter que abrir um a um os documentos. E copilar os dados na mão.

Tecnologia, como vemos, não é sinônimo de democracia.


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