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Cinderela, eu?!

13 dez 2010 às 22:35
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Desde crianças somos criados com histórias de amor onde os personagens sofrem muito até chegarem ao sonhado "felizes para sempre".
Tudo começa com os contos de fada. Cinderela amargou maus bocados com a madrasta até vestir o sapatinho de cristal do príncipe encantado. Rapunzel passou anos cabeludos trancada em um castelo até que um bravo guerreiro conseguiu resgatá-la. Bela Adormecida chegou a ser dada como morta e só voltou a viver depois que o moço do cavalo branco lhe deu um beijo.
A literatura também está cheia de casais sofredores. Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Orfeu e Eurídice, Bentinho e Capitu são apenas alguns pares que até hoje fazem muita gente chorar de tristeza.
Depois vêm as novelas, onde o casal se debulha em lágrimas e desencontros todo santo dia em capítulos intermináveis. Mais curtos, mas não menos intensos, são os romances de Hollywood, onde mulheres lindas e homens maravilhosos se desentendem inúmeras vezes até ficarem juntos.
Acho que tanta exposição ao sofrimento nos dá a impressão de que é preciso sofrer, e aceitar a dor, para encontrar o par perfeito. E o glamour dos casais nos dá até vontade de viver um romance cheio de lágrimas.
Mas será que realmente é necessário enfrentar mundos e fundos para chegar lá? O sofrimento torna o amor mais legítimo, mais merecido? Será que sofrendo e lutando pelo companheiro que imaginamos ideal, ele um dia ficará com a gente e será mesmo ideal?
Conheço dezenas de pessoas (e me incluo nessa lista por mais de uma vez) que ficam anos em recomeços e términos, em brigas e reconciliações, em desaforos e declarações de amor. Infelizmente (e também me incluo nessa lista algumas vezes) muitos deles nunca chegam à felicidade eterna ao lado do amado (alguns tenho a impressão que não vivem sequer dias de felicidade).

Se sofrer é tudo o que não queremos, por que muitas vezes insistimos no que nos faz mal?
Já levei anos para terminar um relacionamento, acreditando sempre que dessa vez ia dar certo. Já perdoei inúmeros erros repetidos, achando que estava apenas dando uma chance ao amor.
E parece que essa crença infinita é incontrolável.
Basta o coração bater mais forte que lá estamos nós (pelo menos a maioria de nós) dispostos a enfrentar dragões, atravessar rios, perdoar imaginárias (ou às vezes reais) traições, ignorar defeitos grandes ou pequenos e acreditar, sempre e com fervor, que o amor sublime amor irá chegar a qualquer momento, levando embora toda a dor e lembranças ruins.
E quando isso não acontece, ficamos com um sentimento de que somos as irmãs más da Cinderela, os sete anões, a vilã da novela ou somente a amiga da mocinha do filme (que sempre termina com um cara que aparece do nada no casamento do casal principal).
Porque a vida não é um conto de fadas, romance famoso, filme de Hollywood ou novela das oito.
Na maioria das vezes o sofrimento entre casais acaba dando mesmo em ressentimentos profundos, mágoas que demoram páginas e páginas para deixarem de doer. Até que isso acontece, geralmente o casal já se agrediu bastante e decidiu cada um escrever sua história separadamente.
Mas como somos intensamente impressionáveis por todos os casais felizes das inúmeras histórias, seguimos em frente, sempre sonhando com o Felizes Para Sempre.

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