Todo mundo diz que a gente entra em crise quando chega aos 30.
Eu não tive isso...
Quando me tornei oficialmente uma balzaquiana (oh palavrinha feia né?) achei tudo muito tranqüilo. Não me senti velha, nenhuma ruga apareceu, nada de dor nos joelhos...
Os 30 eram iguaizinhos aos 29 ou 28 ou 27.
E assim se passaram os 31 e os 32.
Pois agora, com a chegada dos 33, to me sentindo esquisita.
Durante todo o meu inferno astral, que ainda não acabou, fiquei reclusa em casa (por isso a falta de posts picantes...) e aproveitei esse tempo para pensar na vida.
Dou graças a Deus que a cada dia vivemos mais porque eu vou ter que viver muito ainda.
Se eu fosse da época em que se chegava até os 60 mas já aos 50 a pessoa estava acabada, tava fodida!!!
Ainda não escrevi um livro (calma Ranalli!), não tive um filho (ainda bem!!! Mãe casada já acho difícil. Solteira, nem pensar) e não plantei uma árvore. Dizem que a gente tem que fazer essas três coisas antes de morrer. Bom saber que ainda tenho mais ou menos uns 40 anos ou mais pela frente.
Como ainda não sei direito o que fazer com eles, faço uma retrospectiva dos 33 que se passaram. Olhando para trás posso compor uma lista razoável de coisas bacanas:
- Já conquistei dois amigos para a vida inteira. E aprendi que amizade não depende de presença. Basta ter amor, sinceridade e compreensão. Também aprendi a dar valor aos amigos que não são para sempre, mas eternos enquanto duram.
- Já aprendi a ser amiga dos meus pais. E isso é maravilhoso. Deixar de ver os pais da gente apenas como pais e descobrir que eles são pessoas maravilhosas de verdade, perdoar os defeitos e saber que eles também perdoam os nossos dá uma sensação de plenitude sensacional. Todo mundo deveria tentar isso, economiza anos de terapia...
- Já fiquei sozinha de frente para o mar e senti a paz que isso dá. Pode parecer clichê, mas andar na praia, encontrar um cantinho e olhar para o mar nos dá uma pequenês engrandecedora. Sem dizer uma palavra, o mar consegue nos dar conselhos preciosos.
- Já viajei para os lugares que eu queria muito ir. Conhecer outras culturas, sair do nosso casulo, é fundamental para o crescimento. Tive sorte de fazer isso sozinha e também acompanhada e afirmo: as duas experiências são muito bacanas. Contemplar a beleza e a história de lugares diferentes nos dá bagagem que livro nenhum de escola fornece (sem falar das comprinhas, porque nem só de contemplação vive o homem!).
- Já mudei de ideia várias vezes. Acredito que a gente tem o direito e até o dever de mudar, se achar que é para melhor. Quem chega aos 60 com o mesmo pensamento que tinha aos 20, perdeu 40 anos.
- Já me diverti muito em festas das mais variadas. A vida é muito curta para a gente não aproveitar e celebrar. Pode ser um jantar com amigos ou um baile de arromba: o importante é comemorar!
- Já vivi paixões e amores. E de todos vou me lembrar com carinho, porque me ensinaram a sofrer, a ser feliz, a perdoar e pedir perdão. E entender que os sentimentos mudam, mas a gente sempre segue sentindo...
Enfim, acho que os 33 anos que já passaram foram bem aproveitados. Minha caixinha de memórias está bem cheia.
Quanto ao livro, o filho e a árvore... ainda devo ter pelo menos 40 anos para pensar neles!