Texto publicado originalmente no caderno especial sobre a Exposição da Folha de Londrina de hoje, 03/04.
As lembranças mais antigas que tenho da Exposição de Londrina datam da década de 1980. Na minha memória estão bem vivas as cenas de quando eu navegava, no parque de diversões, em um daqueles barquinhos que ficavam girando sobre um pouco de água. Para um adulto, podia parecer a coisa mais sem graça do mundo, porém eu me sentia em um barco de verdade, desbravando um grande rio.
Era meu pai que me levava, garotinho, à Expo. Minha mãe ficava em casa com meus dois irmãos menores. Para mim, era motivo de dupla alegria, por ir àquele parque onde tudo era fantástico e por ter a atenção integral do meu pai.
Em uma edição, ocorreu uma apresentação de paraquedistas. Eles saltavam de aviões que sobrevoavam o parque Ney Braga e aterrissavam bem ali na pista central, para delírio da plateia.
Dá para imaginar o fascínio de um piá de oito anos de idade ao ver aqueles homens descendo do céu e pousando quase ao seu lado? Eram verdadeiros heróis munidos de paraquedas. Contei para todos os coleguinhas da escola. E estou aqui até hoje contando, agora para você, amigo leitor. Nunca me esqueci daquele dia.
Depois, virando rapazote, ganhei permissão para ir sozinho, sem meu pai, por volta dos quatorze ou quinze. Meu interesse passou a ser pelos shows, pelos rodeios e pelas moças.
Com amigos, cheguei a ir, numa segunda-feira chuvosa e gelada, a um show do Grupo Molejo. Para nós, aquilo estava longe de ser uma fria. Afinal, estávamos na Expo, pela qual esperávamos por meses.
Só fui compreender a grandeza do evento, seus números, suas centenas de milhões de reais em negócios, um tanto de visitantes igual à população toda de Londrina, as inovações tecnológicas, as trocas genéticas entre produtores de gado, quando já era jornalista e fui cobri-lo na condição de repórter. Até então, a Expo parecia ser feita só para mim.
Porém, ela é realizada há mais de cinquenta anos para um monte de gente. E faz sucesso porque tem a cara do universo rural. Sejamos sinceros, as coisas do campo são capazes de envolver a todos, mesmo àqueles declaradamente urbanoides.
Pois é no campo que está a nossa origem. Aqui no Norte do Paraná, mesmo quem mora na cidade desde que nasceu tem pais ou avós que vieram da lavoura. Por isso, temos afeto pelas coisas da terra. E gratidão também.
O agronegócio impulsionou este Norte de terra vermelha. E continua a ser fundamental para a economia da região. Toda esta pujança, nós vemos na Expo. Deve ser por isso que tanto gostamos dela.