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Falando de defunto no sinal

21 mai 2015 às 15:05
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Croniqueta

A sabedoria do taxista

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Paro no semáforo da Borba Gato com a Bandeirantes. O rádio, ligado na CBN, fala de um médico vítima de latrocínio no Rio de Janeiro. Como Londrina ainda está um pouco mais tranquila que o Rio, meus vidros vão abaixados. Se bem que estariam assim mesmo que eu morasse na capital fluminense. Faz calor por volta das duas da tarde e o meu bravo Uno Mille não é dotado de ar-condicionado.

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Ligado no repórter, que descrevia como um adolescente desferiu facadas no tal médico, demorei para me ligar que o taxista que parou ao lado falava comigo.

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- Muito ladrão aí no seu rádio? – questionou.


- Ultimamente, em qualquer tipo de noticiário, o que mais tem é ladrão.

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- Pois é, e ainda estão querendo desenterrar mais um! – ele replicou, com bom humor, numa referência clara ao pretenso pedido de exumação do nosso Zé mais famoso, o Janene.


Com um olho no sinal, ainda vermelho, e outro no meu interlocutor, limitei-me a sorrir. Mas o taxista ainda tinha alguns segundos para se mostrar sábio.


- Rapaz, eu sou um trabalhador. Levo minha vida com pouco dinheiro, mas com muita alegria, paz e tranquilidade. É tão bom. Estes caras deviam saber como é viver assim.

A luz ficou verde. Nem deu tempo de responder. Apenas sorri mais uma vez para ele, que virou à esquerda na Bandeirantes. Eu segui em frente, mais contente depois de um papo de vinte segundos com um desconhecido.


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