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Nina, tô pirado na sua

27 jun 2015 às 21:54

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Crônica

Estava eu na padaria tomando o meu costumeiro café após o almoço quando fui interrompido por um sujeito todo falante. Gel nos cabelos, uns 35 anos, óculos escuros na testa, jeito malandrão no palavreado.

- Opa, você é o que escreve? – questionou, já puxando cadeira e sentando.

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- Bom, eu escrevo, como tanta gente escreve...

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Sou refém do Rodrigo Birrento

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Profissão: Jornalista

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Atire a primeira pedra


- Mas digo escrever assim, profissionalmente, né? Já vi seu blog. O cara do caixa confirmou que você é você. Vou direto ao ponto, preciso dos serviços de um escritor, um favor na verdade. Tô apaixonado por uma moça aí e preciso me declarar para ela com palavras bonitas, entende?

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- Entendo, mas eu não sou escritor. Sou jornalista. Você deveria procurar o Domingos Pellegrini, o José Pedriali, o Paulo Briguet, a Célia Musilli...


- Não, eles são famosos, de difícil acesso. Já você tá sempre aqui na padaria, sem fazer nada.

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Aí eu já espanei. Que sujeito folgado.


- Como assim sem fazer nada? Passo aqui rapidão para tomar um café enquanto leio alguma coisa e volto para o meu trabalho. Olha, amigo, eu não vou escrever nada para você. Muito menos carta de amor. Além disso, tô atrasado. Tenho que ir.

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- Não, não, não. Peraí. Não me leve a mal. É sério. Por favor. Já não sei mais o que fazer para a Nina me dar bola. Tô gamado, cara. Quebra esta para mim.


- Não é mais fácil você chegar para a tal Nina e dizer que gosta dela?

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- Ela não dá mole. É tíiiiiimida. Chamo ela para conversar a sós, mas sem chance. Ela foge. Sei que tá na minha, por isso tenho que me declarar por carta. Depois é só partir para o abraço.


- Putz! Então anota aí...

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- Tô sem papel, mas vamos improvisar.


Ele pegou alguns destes guardanapos de papel que ficam em cima da mesa. Ditei.

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- Nina, tô pirado na sua. Qual a chance de rolar um romance entre a gente?


- Que mais?


- É só.


- Você acha que com um bilhete chinfrim desse ela vai me dar mole?


- Sei lá, você disse que ela "tá na sua..."

- Putz, eu devia saber. Se você fosse bom não ia tá aqui à toa. Passa aí o telefone do Pellegrini.


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