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A FACHADA E OS FUNDOS (Resenha)

03 out 2012 às 09:19

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Poetas França e Edson Falcão. -
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Recebi o livro de poemas de Edson Falcão, "A fachada e os fundos", editado pela dezoito zero um cultura e arte, em 2010. É um livro com 44 poemas de cunho contemporâneo, que parece dar olhares de relances sobre o homem inserido no meio urbano. Perdido talvez, entre o mundo subjetivo e o império da objetividade que o obriga a afastar os olhos de si mesmo e focá-los no exterior.
No poema "Não sei quando" fala: "Não sei quando/ o mundo/ nasceu intencionalmente/ sei que pode ter nascido materialmente/ lá no quintal de casa/ há dez anos e cento e oitenta poemas/ mais ou menos". Imediatamente o poeta tenta entender a sua realidade e continua dizendo na segunda estrofe: "cheguei munido de textos/ carne osso e significados/ história dentro de histórias (...)".


Sua poética não tem metáforas simples, nem flores no vergel. É a poética dos jovens que nasceram depois que os ideais dos hippies se transformaram em cinzas. Receberam como herança um mundo consumista, onde o poeta parece não ter lugar. É a solidão sem palavras procurando ecoar em alguém: "o que você talvez espere/ é algo como as marcas do calendário/ que estão a sua espera". Parece a síntese das horas monótonas e vazias. Só marcas no calendário.

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Na introdução, o jornalista, escritor e poeta Jaques M. Brand fala no prefácio que Edson Falcão tem "legitimidade para interessar o leitor que busca, fora da feira literária das vaidades, o fazer poético autêntico". Ou seja, Edson Falcão é um autêntico poeta, que não escreve só para ser aplaudido, nem satisfazer a vaidade do ego, escreve como todo autêntico poeta, por necessidade de expressão. Poeta escreve da mesma maneira que respira, instintivamente, para não morrer.

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Na visão de Jaques M. Brand, com esse livro, "encontramos o artista no inteiro domínio dos seus meios, a ingressar na fase em que se dispensam os mestres...". Edson nasceu em 1979, em Pitanga, Paraná, e é um poeta jovem estruturando o próprio caminho. Vejamos o poema "O rato que rói meu rosto – 2":

um homem vindo do interior
cuida de seu interior
como a moça cuida do quarto de seda
guarda segredos como louça
grosso mar de palavras
nexo para usar em casa


de vez em quando fala e inventa coisas

Poetas França e Edson Falcão.
Poetas França e Edson Falcão.


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