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Breve fala sobre a vida - por Flavia Quintanilha

03 fev 2020 às 11:55
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Breve fala sobre a vida

Gosto de pensar a vida humana como flores que nascem de um mesmo pé. Cada uma é uma manifestação divina em sua identidade e particularidade, mas todas estão na mesma raiz. Em sua beleza e nas incorreções, tudo o que se apresenta é um ser integral ligado ao todo. Cada detalhe de corpo ou personalidade completam o ser que se faz presente no mundo.

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A Flor de Íris, por exemplo, tem uma presença indescritível. Suas cores e desenhos se apresentam escancaradamente belas. Já pela manhã apontam, abrem, nos entregam o que tem de melhor e morrem. O ciclo é tão rápido. Olhar uma Íris acabada de abrir é o mesmo que olhar o olho de Deus. Estar ali diante dela no mesmo momento de seu florescimento é algo a se admirar e festejar com todo júbilo e reverência.

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Assim devíamos fazer com toda a vida que aqui está. Reverenciar cada ser.

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O ciclo de vida humana não é muito diferente, apesar de durar muito mais, também tem seu momento de florescimento. Assim como a Íris, que muitas vezes crescem e estão prontas para abrir mas não florescem, somos nós. Temos uma força imensa, uma beleza nata, mas não desabrochamos. A diferença é que para a Íris não abrir não teve a vontade dela mesma. Apenas isso não aconteceu naquele dia. Mas para os humanos que somos não abrirmo-nos ao mundo para que se revele nosso melhor, muitas vezes – para não dizer sempre – há um impedimento vindo de dentro de nós mesmos. Os padrões, critérios e valores que adotamos e que acabam por nos limitar, nos cobrir de medo e nos retrair para a vida. Se apenas deixássemos ser, assumíssemos aquilo que somos sem medo ou comparação. Sem nos entregar à dualidade externa criada e imposta por nós, quem sabe assim poderíamos ver todos em seu florescer para a vida. Não estou falando aqui de coragem, de resiliência, força, abnegação ou autoafirmação. Estou falando em ser o que viemos para ser, livres.

"Toda substância acabará, o céu e a terra acabarão, tudo acabará como eu acabarei, mas acabar e começar não são diferentes…” – Tao

Flavia Quintanilha é poeta, nascida em Maringá-PR.Possui graduação em Filosofia pela Universidade Estadual de Londrina. É mestra em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista e doutoranda em Filosofia pela Universidade de Coimbra. Membro colaborador do Instituto de Estudos Filosóficos da Universidade de Coimbra, pesquisa na área de Filosofia Prática e Ética com ênfase na Racionalidade Hermenêutica, Identidade Narrativa e Metapoesia. Em 2015 publicou o livro Aporias da Justiça: entre Habermas e Rawls, pela Novas Edições Acadêmicas e em 2018 o livro de poesia A mulher que contou a minha história, pela Kotter Editorial - selo Sendas


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