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Confissões de um editor de livros - por Anthony Leahy

11 jul 2014 às 09:32

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Confissões de Anthony Leahy - editor de livros e escritor

Minha natureza e meu temperamento se misturam e se confundem com a minha escolha profissional. Sou nervoso, brigão, teimoso, inconformado, inconsequente, irresponsável, insatisfeito, inconveniente, imprevisível, incorrigivelmente apaixonado e idealista. Tem que ter uma alta dose de irresponsabilidade e inconsequência para resistir ao canto da sereia do mercado e continuar lutando e acreditando.. Principalmente em uma sociedade que paga fortunas por celulares e acha livro sempre muito caro. Uma sociedade em que os jovens estão escolhendo a sua profissão, não por vocação, mas por ambição e as pessoas valem pelo carro que possuem e não pelo caráter...

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Sou movido a paixões e acredito que ser idealista é o que nos torna animais superiores (embora tantos abram mão desta superioridade, em um mundo cada vez mais egoísta e imediatista, onde o que vale é "se dar bem").

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OU SEJA, SOU UM EDITOR!

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Sei que existem muitos – e cada vez surge mais – "editores", ou melhor, "fazedores de livros", que entendem e enxergam o livro como uma mera mercadoria, tanto fazendo a sua mensagem e proposta. Como escutei de um "editor bem $ucedido": "livro bom é livro que vende, não importa se é uma apologia à prostituição ou se é a biografia de um grande líder". Mas, para mim, ser editor é acreditar que podemos mudar o mundo (ou morrer tentando). É não calar-se diante de injustiças e nunca deixar de acreditar no ser-humano. É não ser um cúmplice omisso e covarde da opressão. É lutar pelo certo, e não somente pelo que dá certo. É ser um defensor incansável do direito ao contraditório e da pluralidade, dando vez e voz a todos.


É pouco profissional dirão alguns (ou até muitos). Meus referenciais são os editores do porte, postura e atitude do: José Olympio, Garnier, Laemmert, Caio Prado Junior, Conselheiro Saraiva, Ênio Silveira ... EDITORES MAIORES DO QUE SUAS EDITORAS, VISTO QUE ELES ERAM A ALMA DA EDITORA! Hoje vivemos momentos de imparcialidade, frieza e descompromisso, onde a maioria absoluta dos autores sequer chegam a conhecer aos seus "editores". SE É ISTO QUE É SER PROFISSIONAL, CONFESSO-ME AMADOR, OU SEJA, FAÇO PORQUE AMO E ACREDITO! Os processos de produção da minha editora são profissionais e representa o que existe de mais moderno em tecnologia de impressão digital, mas meu relacionamento com os autores é, e sempre será, à moda antiga: personalizado!

Anthony Leahy é editor do Instituto Memória.
Contato: [email protected]

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