É com muita alegria que a encarregada deste blog informa que o poema "Quarto sem sombra", de sua autoria, dedicado ao pintor Van Gogh, obteve o primeiro lugar no Concurso de Poesia O Pensador IV, categoria adulto, promovido pela Academia Itapemense de Letras, SC. Também quer fazer chegar seu muito obrigado aos organizadores de tão importante evento literário.
Na continuação, o discurso pronunciado na cerimônia de entrega dos prêmios pelo Presidente da Academia Itapemense de Letras, Pedro Du Bois.
Autoridades,
Senhores e Senhoras,
Confrades e Confreiras,
Prezados escritores premiados,
seus familiares e amigos.
Todo concurso literário é resposta. Libertação da palavra em suas diversas formas. Seus formatos estruturados em possibilidades de levar ao leitor o resultado. Todo concurso literário é responsabilidade de quem escreve e de quem se atreve em crítica leitura. De quem se obriga em critérios e pontuações. Todo concurso literário traz em si a continuidade do que – alguns e agora – dizem ter findado. A conservação da palavra permite em textos a correlação de forças e a validade do esforço.
Por isso estamos aqui reunidos. Para comemorar a palavra e saudar aqueles que as transmitem em textos: contos, crônicas e poemas. Construções minuciosas de resplandecente fulgor. De imediata luz. De receber as adjetivações merecidas.
Encerramos agora o nosso 4º Concurso Literário O Pensador, edição 2010, em que prestamos homenagem ao poeta Lidolf Bell. Catarinense de origem e morada, e universal pela amplitude da sua obra literária. E dele, ressalto o canto IV do seu Poema do Andarilho, onde diz:
Não afino com instrumento
que se toca à distância
Não proponho propostas de diluição
Não sou agente do vazio
nem de asas que o homem não tem
Se acreditais em sistemas de elucubração
Na gema brilhante do nada
Em recheio de palavras e sofisticados relatórios
Se acreditais em clara batida
nas panelas obscuras da prepotência
Se quereis teorias de mim
Se me quereis longe da paixão:
tirai o cavalo da chuva
Pois menor que meu sonho
não posso ser.
Somos assim, escritores: contumazes, semanais, diários, aleatórios, tanto faz. Somos escritores de nós mesmos e colocamos em palavras desde o prosaico dia de hoje, até o início e o recomeço onde nos perdemos e nos reencontramos.
Para isso servem os concursos literários, para que possamos distribuir entre todos o pouco que produzimos em nós mesmos. Regrados ou não. Conscientes ou não do nosso papel como continuadores do traço que – mal ou bem – irá sempre delimitando nossa civilização.
Desde o ano passado, abrimos nosso concurso para a participação de todo o Brasil. E fomos agraciados, tanto lá, em 2009, quanto agora, em 2010. Tivemos a inscrição de 201 textos. Mantivemos as faixas etárias, oferecendo aos jovens, também, a oportunidade de participação. Fomos felizes em nossas escolhas, vistas a quantidade e a qualidade dos textos recebidos.
Neste ano, tivemos a continuidade da parceria com a Prefeitura de Itapema, através da Secretaria de Esportes, Cultura e Lazer e, com satisfação e alegria, contamos com a boa vontade de novos apoiadores já nominados em nosso cerimonial. Que tenham vida longa as nossas parcerias. Sabemos o quanto é difícil na área literária contar com a companhia de empresas, governos e pessoas em geral. Não apresentamos resultados imediatos. Não vendemos mais do que a realidade presente em cada leitura.
Alguém, no século passado, disse que uma imagem valia mais do que mil palavras. E, infelizmente, muitos fizeram disso, dogma. Esqueceram – e muitos esquecem – que a palavra, sim, vale pela totalidade das imagens, vez que nela se apresenta e está representada cada face, cada fase e a totalidade da nossa civilização. Do nosso desenvolvimento intelectual.
Nossa Academia é grata a todos os que nos prestigiam e nos ajudam a levar adiante os nossos concursos literários, cujo coroamento, vemos aqui, vai – como sempre – muito além da nossa percepção pessoal.
A literatura, como ponto de convergência, desenvolvimento e espírito lúdico, tenho certeza, sente-se honrada com o nosso trabalho.
Presidente da Academia Itapemense de Letras discursando.
Encerro, com mais um pequeno trecho de Lindolf Bell, no canto XIV do seu Minifúndio:
Desafino?
A voz?
Pouco importa.
Muito acidente
encontra o rio
antes da foz.
Muito obrigado.
Pedro Du Bois
Presidente da Academia Itapemense de Letras.
Troféus.