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Dois poemas de Vania Clares

10 jul 2020 às 07:52

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GENESE


O dia nasceu em mim
e ficou...
No silêncio a solitude
de um estado orgásmico
comungando o intermeio,
a entrecena onde sei
que nada sei e fico.
E além de nela pousar
o que preciso
além da permissão?
Da nulidade à completude
basta esse encantamento
para celebrar a semente

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Vania Clares

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DAS ESCOLHAS

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A fome e a sede de doces palavras
denunciam o sonho e o meu desejo.
Quero voz para libertar as amarras,
minha ânsia delira no que versejo.


Como desassociar de mim o espaço
onde perfazem mil eus e seus rumores?
Arrasto as dores e nas almas me embaraço,
assumo como meus os seus temores

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Céus! Concedam que em mim se recicle
todo o mal que os incrédulos germinam.
Seja eu poeta, aquele que ciente permite
se formar na essência o que ensejam!


E quando em mim o desalento acumula
o resto, a ira, a revolta, eu também lamento.
Ordeno, separo das palavras o que anula
o encantamento, e lanço ao dia renascimento!


Vania Clares


Vania Clares, paulistana, poetisa, escritora e contista, escreveu dezessete livros, treze publicados na amazon.com. Membro da ACL-Academia Contemporânea de Letras.
vaniaclares.blogspot.com


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