Nosso entrevistado é o jornalista Cláudio Alcântara, Editor-chefe do Portal Olho Vivo.
Cláudio Antônio de Alcântara: 17/5/1966
Assinatura profissional: Cláudio Alcântara
DRT/RJ 1731695
Naturalidade: Volta Redonda (RJ)
Jornalista. Formado pelo UBM (Centro Universitário de Barra Mansa) em 1989, na época, Sobeu. Em janeiro de 1990 começou a trabalhar profissionalmente em Volta Redonda como repórter, atuou em quase todos os jornais e revistas locais e foi editor (Cultura, Cidades, Política e Polícia) durante cerca de 20 anos no jornal "Diário do Vale". Foi o primeiro jornalista da região sul fluminense a assinar uma coluna como crítico de arte, o primeiro a ter uma coluna de arte e cultura na web e também o primeiro a usar a internet para votações e premiações. Tem um livro editado, "Trilhos do Poder". Alcântara foi indicado ao Prêmio Sebrae de Jornalismo. Houve uma pré-seleção do material, antes de ser submetido aos júris estaduais. Coube à secretaria executiva do prêmio, a cargo da Imprensa, que qualificou o trabalho, realizando triagem técnica. Concorreu com a série de reportagens sobre o Prêmio OLHO VIVO 2013 - categoria Prêmio Sebrae de Webjornalismo. Em 2018, concorreu ao Prêmio Petrobras de Jornalismo. É diretor e editor-chefe do portal OLHO VIVO (olhovivoca.com.br). É o idealizador e realizador do Prêmio OLHO VIVO, do Festival OLHO VIVO de Artes Integradas, que reúne em apresentações os contemplados com os troféus na premiação, indicados e convidados especiais, além da Maratona Cultural OLHO VIVO, cerca de 12 horas de atividades em vários pontos culturais.
1) Cláudio, você é o criador do Prêmio Olho Vivo (Ver:https://www.olhovivoca.com.br/) que homenageia e incentiva artistas de diferentes áreas. Como nasceu esse projeto?
A premiação começou na região quando nem existia internet, a primeira votação foi realizada, por meio de jornal impresso. As pessoas preenchiam os cupons publicados no jornal e enviavam para a redação. Isso aconteceu no início da década de 1990. Na internet, a primeira premiação ocorreu em 2010, e continua anualmente. As festas de premiação consistem na entrega dos troféus personalizados, shows ao vivo e DJs. Começamos com um evento para poucas pessoas (cerca de 100 convidados) e no ano seguinte já ocupamos um teatro com 450 lugares. Chegamos a fazer para 800 pessoas. Com a pandemia do novo coronavírus/Covid-19, fizemos online, e a partir daí reduzimos para 300 pessoas, que é o número fixo até hoje.
A minha intenção sempre foi fazer uma premiação que não estivesse diretamente ligada a amigos, patrocinadores, ou quem quisesse comprar os troféus (aquela famosa “ajuda para a realização do evento”, mas que na verdade é a venda do troféu). Sempre quis fazer uma premiação o mais justa possível, democrática, sem preconceitos. A perfeição não existe, mas a cada ano fico mais satisfeito com os resultados e os avanços. Ouço as críticas e procuro colocar em prática o que está dentro das minhas possibilidades.
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2) O tema da 36º edição é harmonia. Essa palavra apresenta a ideia de proporção, de boa disposição, de coerência, daquilo que é agradável à vista e também da Arte de ordenar os acordes musicais. Qual é a sua visão da harmonia?
Escolhi Harmonia este ano porque desde o início vejo que alguns participantes não entendem que o objetivo do Prêmio não é gerar rivalidade (muito pelo contrário). A ideia é que todos se confraternizem, entrem em harmonia, durante o período de indicações, votações e no dia do evento. Harmonia, pra mim, é estar bem consigo mesmo; estando bem consigo mesmo, você vai estar bem com o próximo, ganhando ou perdendo. Aliás, acredito que todos ganham, de alguma forma, ao participar da premiação. Ganham visibilidade, ganham novos conhecimentos, ganham novos colegas de profissão, ganham coisas boas. Obviamente, quem sabe participar de uma maneira positiva.
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3º) Como funcionam as inscrições dos candidatos? Como devem proceder os interessados? Qualquer pessoa pode se candidatar?
Qualquer pessoa pode participar, desde que se enquadre na Categoria desejada, siga as regras, o Regulamento e os prazos. Os participantes são definidos por meio de indicações de alguns colunistas do site, dos internautas, no Instagram e na fanpage do OLHO VIVO - Cláudio Alcântara, dos especialistas de cada setor (convidados pelo editor do site) e ainda de alguns contemplados com o Prêmio em edições anteriores. O critério para ser indicado é basicamente ter um trabalho considerado merecedor da homenagem, por quem indica. Os indicados não, necessariamente, precisam ser famosos, ter aparecido na mídia, estar em evidência ou ser considerados sucesso de público ou crítica, dando assim oportunidade a todos aqueles que gostam desse tipo de premiação.
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4º) Fale um pouco do desenvolvimento do Prêmio Olho Vivo em 2023? Quais foram os indicados mais votados?
Posso falar das Categorias mais votadas. Geralmente Fotógrafo, Kids, Teen, New Face e Dança são muito bem votadas. No ano passado, a estreia da Categoria Rainha surpreendeu. E este ano, por enquanto, a Categoria Bloco de Carnaval é a mais votada.
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5º) Um dos objetivos do concurso é destacar novos talentos: Alguns dos ganhadores se manifestaram? Alguém percebeu que sua trajetória artística teve avanços graças ao Prêmio Olho Vivo.
Felizmente, sim. São vários os artistas que me procuram para agradecer o avanço, o crescimento na carreira. Não gosto de divulgar esse tipo de coisa, prefiro guardar apenas para mim. Recebo mensagens dizendo que o número de shows aumentou, que novos livros foram lançados, que voltou a se dedicar com mais afinco à arte. Há casos de artistas que ficaram conhecidos nacionalmente e que começaram a se destacar no Prêmio OLHO VIVO.
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6º) O Prêmio Olho Vivo é um evento que reúne muitas pessoas. Como é a logística? Como é a organização do evento: convites, troféus, local, decoração, etc?
É um trabalho que acaba com a minha saúde todos os anos. E não digo isso metaforicamente. Eu fico doente todos os anos, após a realização do evento. Talvez porque cuido de tudo sozinho, não conto com nenhum patrocínio, não tenho uma equipe de apoio. Todas as ideias são minhas, e repasso aos prestadores de serviços (alguns entram como Apoiadores; não como Patrocinadores). Todo o evento é bancado com o meu dinheiro, não tem dinheiro público, não tem dinheiro privado. Enquanto eu conseguir fazer dessa forma, sem que ninguém interfira, eu farei. Lá no início, quando fui solicitar patrocínio a uma empresa, recebi a seguinte resposta: “E o nosso troféu?”. Expliquei como funciona a premiação. E voltei para casa sem patrocínio, mas com a consciência tranquila de que não vendi troféu para ninguém.
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7º) Como é o encontro de artistas de diferentes linguagens? Eles ficam interessados nos trabalhos dos outros artistas ou permanecem focados só na sua área de interesse?
Há casos e casos. Trabalhar com artistas é, de certa maneira, complicado. Muitos são excelentes, simpáticos, simples e harmoniosos, se preocupam em trocar informações, em aprender uns com os outros. Mas sempre tem aquele que se sente o artista internacional. Certa vez, ouvi de uma cantora a seguinte afirmação, durante os ensaios: “Não canto com esse microfone (a outra cantora) que ela acabou de cantar”. São coisas que chocam, mas que é preciso saber contornar, para que tudo dê certo. Improvisar é preciso, mas não tem como tapar vários buracos em um evento de cerca de quatro horas de duração.
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8º) Quais mudanças importantes sentiu a necessidade de implementar nestes anos de trabalho?
A cada ano tenho que evoluir, não dá para ficar estagnado. Comecei apenas com as votações na internet; hoje conto com uma bancada de jurados e dois troféus (o Popular e o Técnico). Não aceito que o local onde será realizado o evento meta o bedelho no conteúdo da premiação. Já aconteceu e eu não realizei mais o evento no local. O evento é longo, e as pessoas reclamam, mas faço questão das apresentações artísticas no dia da premiação. O Prêmio já passou por tantas mudanças que hoje ele tem apenas a essência do que era no início: a imparcialidade e a democracia.
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9º) Pode narrar algum fato interessante, ou emocionante, acontecido durante a entrega dos prêmios?
Todos os anos acontece algo interessante, ou emocionante. Vou citar a edição de 2023. Eu apresentei o evento com depressão. Não uma depressão leve. Eu estava à beira do suicídio, mas não podia decepcionar cerca de 200 artistas que fizeram campanha para conseguir votos, produziram vídeos, alugaram roupa de gala, etc. Eu subi naquele palco e cantei na abertura do evento uma música da Madonna (como faço todos os anos). Mas eu estava morto por dentro, e ao terminar a canção eu senti que precisava dividir com o público o que era real. Aquele Cláudio performático no palco era a proteção que encontrei para estar lá, naquele momento. Fui aplaudido de pé. E consegui apresentar o Prêmio durante quatro horas seguidas.
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10º) Cláudio, que conselho daria para os candidatos ao Prêmio Olho Vivo 2024?
Participar da premiação não é entrar em uma guerra. Não é uma competição para escolher o melhor. Participe! Mas ciente de que é um projeto que nasceu tendo a positividade como meta. Será muito bem-vindo!