Morava perto do parque de Bacacheri e caminhava diariamente até o parque para aproveitar a água mineral que jorrava por uma torneira. Geralmente era preciso esperar na fila, mas, lamentavelmente, entre a porta e a torneira havia gansos que descansavam ao lado do lago. Eu entrava, tirava a garrafa da sacola de plástico e esses gansos me perseguiam.
Falei com uma vizinha e ela disse que os animais sentem as energias negativas, era preciso pensar positivo enquanto caminhava. Eu segui o conselho de minha vizinha, mas não deu resultado. Os gansos me perseguiam. Sempre. Eu corria, e esse bando de palmípedes corria bem perto de meus calcanhares.
Um sábado de manhã observei que uma idosa mexia uma sacolinha de plástico entre as mãos fazendo barulho. Os gansos seguiam os passos da mulher e ela lhes dava comida. Semelhante ao sino de Pavlov, o barulho produzido pela sacolinha de plástico anunciava os alimentos. Os palmípedes não eram agressivos, eles eram inteligentes e haviam associado "barulho de plástico = comida".
A perseguição parou quando comprei uma sacola de pano.