O escritor, psicanalista e educador mineiro Rubem Alves nasceu em 15 de setembro de 1933, e morreu hoje, 19 de julho de 2014. Ele morava na cidade de Campinas, onde mantinha o Instituto Rubem Alves – uma associação aberta, sem fins lucrativos e de interesse publico, fundada pelo escritor e sua família. Seu trabalho educativo foi muito importante e seus livros de crônicas, ensaios e contos, foram traduzidos para outros idiomas: inglês, francês, italiano, espanhol, alemão e romeno.
Rubem Alves teve mais de 160 títulos publicados, também amava a poesia e fazia parte de um grupo que se reunia semanalmente para ler poemas.
Ele dizia que existem escolas que são gaiolas e escolas que são asas. As escolas que são asas não ensinam a voar porque o vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Essa teoria educativa tem relação com o pensamento de Friedrich Froebel, criador dos jardins da infância. Froebel defendeu o verdadeiro sentido de educação, palavra que tem sua etimologia na palavra latina "ducere" tem o sentido de "levar ou conduzir", associado aex ("fora") indica que educar é conduzir e não domesticar. Impor regras é domesticar, o verdadeiro sentido de educar seria permitir a expressão das capacidades da criança.
Um texto publicado no jornal "Folha de São Paulo", Caderno "Sinapse", em 12-10-03 - fls 3, no qual Rubem Alves fala da morte, é comovente e convida à reflexão.
Transcrevemos o último parágrafo: "Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a "Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo."