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O Monstro (texto de Rafão Miranda)

22 jul 2014 às 23:15

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Arte digital de Carlos Zemel. -
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O MONSTRO

Vivendo em paraísos temporários e em infernos permanentes.
Na escuridão sem ter certeza do tempo que se encontra nela.
Permita-me falar sem dizer nada! Falar em pensamentos, elucubrar, elucubrar, elucubrar...
Seria o silêncio a resposta perfeita?
Se eu-você soubesse traduzir as agonias?

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Dialeto pouco falado nos dias de hoje, de ontem, do passado anterior, navegando para trás como o mito do pássaro africano woofle woofle, que sempre voa para o passado.
Porém, sentimentos são um luxo que não tenho prazer de descartá-los, mesmo nestes tempos, nestas condições!

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E como todos sabem, não há interesse algum do mundo nas prisões pessoais,
não é moeda de troca, sem nenhum valor para desperdiçar seu precioso tempo.
Não há nenhum curso acadêmico especializado em estudar as dores pessoais,
as verdadeiras dores, não essas que psiquiatras dizem que estudam.

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Além da quinta camada da mente humana, as profundezas, a escuridão, a densidade de oprimir até mesmo o aço.
Para isso, talvez existam calmantes farmacêuticos, fitoterápicos, comédias e leitura básica.
Porém ainda não foi desenvolvido, depois de tantos avanços da inteligência humana, sequer um curativo, assopro de mãe, palavra de curandeiro, pedreiro para reconstruir ruínas internas que há muito estão desgastadas.


Tomo um gole, acendo um cigarro antes de partir de cabeça baixa com o peso do mundo, de ter consciência, de não poder se ajudar e não ajudar ninguém. E todo dia coloco um elefante maior em minhas costas. Eles cantam com vozes agudas algo insuportável. Caminhando pela escura e fria cidade mental, vendo os miseráveis, os mendigos, as prostitutas, os cães do caminho. Crianças que esmolam, que habitam está minha periferia mental.

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Faço das ilusões que tanto são criticadas nos livros que andei lendo uma única válvula de escape, a esperança de disfarçar com minha imaginação ou não sei se é mentir para mim mesmo.
Seria a mentira uma aliada da imaginação? Ah, isso fica para depois!


O cansaço tomou conta, e no refugio dos meus lençóis não consigo molhá-los com lágrimas.
Talvez tenha ficado insensível e sem sentimentos depois de tantas atrocidades, que absorvi de forma barata nos programas de TV, jornais, novelas, filmes importados e piadas sem graça sobre aquilo que não domino ou sobre o meu corpo, que já não é tão belo ou nunca foi adequado.

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Talvez já tenha me tornando o Monstro. Elucubrar sobre o Monstro e sobre os amaldiçoados que vivem em lugares escuros, úmidos e mal cheirosos. E eles lá procuram se esconder, se proteger da luz. Lá eles não podem ser vistos. Talvez se encontrar um, ele te devore, mais por medo de você do que por ser terrível de fato. Lugar dos rejeitados, excluídos e acusados. E com o passar do tempo, se tornam horripilantes, se tornam lares, casinhas bem bonitas e elegantes.


- Quando a jovem moça loira vier, não vai me reconhecer. Talvez fuja ou grite, e talvez assim possa protegê-la de mim mesmo.


O monstro se esconde nas profundezas para proteger os que ama dele mesmo.
Elucubrações.
Rafão Miranda é escritor e poeta.



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