Eu não dirijo – é uma triste realidade. O escritor Loyola Brandão confessou em uma palestra que também não dirige. Nem a escritora Glória Kirinus, nem outros – não colocarei todos os nomes para que esta crônica não vire página de lista telefônica.
Um aluno piadista disse que talvez estejamos usando para produção de textos alguns neurônios que são necessários para dirigir. Eu não sei. Mas tenho que virar-me: peço carona, caminho, pego ônibus ou táxi.
Há poucos dias aconteceu algo inusitado. Ao subir ao ônibus vi um lugar vago e me encaminhei para lá, quando um rapaz avançou rapidamente e conseguiu sentar-se. Uma senhora morena de 35 ou 40 anos, reclamou:
- O rapaz é novo... vai tirar o lugar da senhora?
O rapaz olhou para mim e retrucou: - Ela ainda é jovem.
Jovem!... Ele disse jovem, minha gente. Que cara simpático. Como esse safadinho alegrou meu coração!!!
Não ofereceu o assento, não! Mas, sejamos honestos, um elogio desses é como uma jóia rara. Especialmente quando você acende 60 velinhas no bolo de aniversário, e escuta as amigas comentar: os anos não passaram para você (doce engano que o espelho desmente).
Ser chamada de jovem por um desconhecido foi um presente inesperado.
Eu fiquei de pé, mas não fiquei chateada, não. Ao contrário, desci do ônibus cantarolando... feliz. É difícil de acreditar, mas esse safadinho alegrou meu dia.