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Você quer publicar um livro? Entrevistado Roberto Araújo

07 ago 2010 às 09:52

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Deseja publicar um livro? Então é importante escutar os conselhos dos profissionais da área.

Roberto Araújo, 58 anos, diretor editorial da Editora Europa. Roberto é jornalista profissional, tem 38 anos de vivência em redações, e é responsável pela edição de 17 revistas mensais e pela área de livros da Editora Europa, de São Paulo, SP. Acaba de publicar o livro de ficção Histórias Roubadas.

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Roberto Araújo afirma:

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A publicação de um livro envolve uma estratégia muito mais complexa do que parece. O primeiro e mais importante ponto é: a quem o livro se destina? Todas as publicações devem ter uma finalidade, devem servir para alguma coisa. Pode ser um livro que ensine sobre botânica, fotografia ou até mesmo mostre como são feitas as ilustrações para videogame. Esta é a linha de livros de serviço. Há ainda os livros para entretenimento, com temática em quadrinhos ou sobre vampiros, que estão muito em moda.

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Os livros de ficção, de literatura, têm uma finalidade toda própria que escapa um pouco de definições simplistas e têm uma avaliação mais subjetiva. Estes devem ser publicados pela sua originalidade e por agregarem algo à cultura brasileira. Mesmo assim, devem deixar claro a que público se destinam.
A escolha dos títulos da Editora Europa é feita pelo critério das áreas onde atuamos com nossas revistas. Se o público confia em nossas revistas, sabe que garantimos a qualidade dos livros. A Revista Natureza, por exemplo, avaliza a qualidade de todos os livros de botânica que publicamos. Além disso, são excelentes para informar aos leitores sobre os livros que publicamos.



2. Quantos originais vocês recebem por mês?
Temos todo um planejamento sobre os livros que pretendemos publicar. A estratégia é cuidadosamente elaborada para atender as áreas que atuamos. Não podemos ficar contando com a sorte de receber originais de qualidade. Por isso, encomendamos muitos livros. Também licenciamos diversos títulos de outros países. Na ficção, há um universo enorme de pessoas que escrevem como hobby, outras como uma questão terapêutica, outras ainda que têm o sonho de se tornar escritoras.

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Como qualquer outra profissão, o escritor tem de se dedicar longamente ao ofício, estudar e ter muita, mas muita mesmo, disposição para trabalhar o seu livro. Assim, quando pego um original para avaliar, o primeiro ponto é descobrir se é um trabalho maduro e pronto para publicar, ou se ainda é um trabalho de quem está começando. Isso é possível de se perceber pela correção ortográfica, pela montagem dos diálogos, pela estrutura do texto. Claro que todo grande escritor começou por algo simples, mas para um editor que se preocupa com a qualidade é muito importante determinar o momento em que o trabalho está maduro para ser publicado.


3. Vocês ficam atentos aos erros ortográficos?

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Um bom livro vai muito além de uma revisão correta. Não é apenas jogar o texto em algumas páginas. São milhares de detalhes, nem sempre percebidos claramente pelo leitor, que fazem uma publicação de qualidade.
A fase de "preparação do texto", como dizemos, envolve outro profissional, que não pode ser o escritor, que repassa todo o texto procurando repetição de palavras, coerência de tempos nas quais se passa a história, consistência narrativa -- se uma ação do passado se casa perfeitamente com uma ação do futuro, enfim, um trabalho enorme.


Feito isso, tudo é submetido ao autor, que reavalia cada ponto apontado e decide como proceder nos casos específicos. É muito comum ter de refazer cenas, redigir novos capítulos ou suprimir trechos inteiros. É nessa hora que é preciso que haja uma afinidade muito grande entre o escritor e seu editor. Feito isso, é hora de começar o livro propriamente dito. O tamanho da letra (fonte) é determinante. Não pode ser muito grande porque senão provoca muitas palavras quebradas no final da linha, o que atrapalha a leitura. Também não pode ser muito pequena que a maioria das pessoas não consiga enxergar. O desenho da letra (tipografia) dever ser adequado ao tema escolhido.

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Há ainda que convidar uma pessoa para fazer o prefácio (se for o caso), escolher uma epígrafe (aquela frase de um outro autor colocada antes da história propriamente dita) ou dedicatória, redigir as orelhas. A capa e a contra-capa são uma outra questão particular por envolver artistas e o departamento de marketing. E isso é apenas um pequeno resumo do trabalho do editor.



4. Que conselho pode dar para os novos escritores?
Livros não surgem por mágica. O conteúdo, que é sempre o que efetivamente interessa, tem que ser trabalhado cuidadosamente na cabeça do autor. O conselho mais prático que posso dar é que um livro é sempre fruto de um trabalho disciplinado. Algumas horas por dia devem ser separadas exclusivamente para este trabalho. E repetidos todos os dias. A verdade é que a concentração sempre demora. Para ela chegar ao ponto é necessário reler os capítulos anteriores, refletir sobre a nova cena, elaborá-la na cabeça e então partir para a escrita. Não há regras rígidas, já que este é um trabalho artístico, mas eu tenho a forte convicção que sem disciplina não é possível escolher com sabedoria as milhares de palavras que compõem um livro. Também acho inútil o uso de álcool ou qualquer tipo de droga. Com a consciência alterada, as palavras parecem ter uma força que não será compreendido por mais ninguém a não ser o autor. Se a intenção for publicar, o trabalho fica todo perdido. O certo é que é preciso garra e determinação. Nada está acima em termos de realização intelectual do que escrever e publicar um livro. É um esforço que vale a pena.


5. Fale um pouco dos próximos lançamentos.
Acabei de escrever e publicar um livro de ficção chamado Histórias Roubadas. São 29 histórias que mostram como homens e mulheres viveram acontecimentos excepcionais em suas vidas.


Está chegando da gráfica A Guerra dos Hereges, de Aydano Roriz, uma grandiosa reconstituição da invasão holandesa a Pernambuco. Aydano é um modelo de disciplina na produção de seus romances históricos. Além de estudar tudo que se escreveu sobre o assunto, ainda visita os locais onde os acontecimentos históricos se deram, para depois contar as histórias com um enorme dinamismo, sem nada da chatice dos livros didáticos, e com toda a ação que um romance permite.



O Manoel de Souza e o Maurício Muniz acabaram de lançar os Vampiros na Cultura Pop, um livro que mostra tudo o que já foi feito sobre vampiros em literatura, cinema, quadrinhos, TVs e games. A lista é enorme e vale a pena conferir em www.europanet.com.br


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