O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), voltou a criticar o protesto dos bombeiros que invadiram o Quartel Central da capital fluminense na noite de sexta-feira. Em nota divulgada pela sua assessoria, Cabral afirma que "bombeiros que honram a sua farda jamais levariam crianças como escudos humanos inocentes a um ato contra a ordem pública como este, iniciado com uma invasão".
O governador diz ainda que os bombeiros que participaram do protesto levaram "crianças junto a marretas" e que é "incomensurável a gravidade de unir armas a crianças". Cabral ressalta que "ninguém planeja levar marretas para ''manifestações pacíficas''". Ele destaca que "invasão, por si só, já é um confronto". "Com marretas, é planejar uma possível batalha. Com crianças, é um crime", afirma, no comunicado.
Na nota divulgada no final da tarde de hoje, Cabral tenta relativizar a dimensão do protesto. Ele destaca que o "Estado do Rio de Janeiro tem 17 mil bombeiros que orgulham o governo e a população". Cabral classifica a invasão como "um gesto de imensa irresponsabilidade" de um grupo de manifestantes. "A imprudência dessas pessoas com seres inocentes, com a ordem pública, e com as suas próprias regras hierárquicas deve e está sendo punida", diz.
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O governador ressalva que parte do manifestantes aderiu ao movimento inconscientemente e induzida pelos líderes do grupo, e que 439 bombeiros foram presos. Cabral finaliza a nota afirmando que "milhares de bombeiros, que orgulham o nosso Estado e são leais à premissa do salvamento, têm e merecem do governo do Rio de Janeiro o diálogo".
Protesto
Na noite de sexta-feira, cerca de 1.000 bombeiros entraram no Quartel Central da corporação, no centro do Rio, reivindicando aumento salarial e melhores condições de trabalho. Alguns manifestantes estavam acompanhados de suas mulheres e filhos.
No início da manhã de ontem, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM) invadiu o quartel para reprimir o protesto. Com o uso de explosivos, os homens do Bope botaram abaixo o portão dos fundos do quartel e entraram detonando bombas de gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral. Houve muito tumulto e rajadas de tiros.
O Bope prendeu 439 bombeiros. Eles foram levados para a Corregedoria Interna da PM, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Na manhã de hoje, eles começaram a ser transferidos para as unidades militares do Corpo de Bombeiros.