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Imbróglio

Anatel decide antecipar debate sobre reversibilidade de bens

Agência Brasil
19 jan 2018 às 07:51

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- Reprodução
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O Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) revogou parte do entendimento sobre a impossibilidade de venda de imóveis de empresas telefônicas concessionárias da telefonia fixa, os chamados bens reversíveis. Em decisão na quarta-feira (17), o conselho negou recurso da Telefonica para venda de um imóvel, em São Paulo, por entender que o prédio deve retornar à União ao final do contrato de concessão, em 2025.

Porém, voto dado pelo relator do caso, o presidente da Anatel, Juarez Quadros, e seguido por outros conselheiros, abre a possibilidade de, futuramente, as empresas venderem os prédios administrativos. A Anatel já havia negado o pedido da Telefonica, em 2012. Na ocasião, o conselho diretor da agência reguladora estabeleceu diretrizes para os casos posteriores envolvendo bens reversíveis, como o reconhecimento automático de bens imóveis administrativos como bens reversíveis. Antes, a Anatel limitava o entendimento sobre a reversibilidade a redes e equipamentos essenciais para a prestação do serviço.

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A empresa recorreu com o argumento de que o imóvel, por ser administrativo, não tinha relação com a prestação do serviço, por não guardar bem essencial à prestação do serviço de telefonia fixa, conforme determina a Lei Geral de Telecomunicações.

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Em janeiro do ano passado, a Anatel adiou a decisão sobre o prédio, localizado na Rua Martiniano de Carvalho. O entendimento firmado à época é de que a decisão teria impacto no tratamento que a agência dará ao tema, uma vez que tramita no Senado um projeto de Lei para transformar as concessões de telefonia fixa em autorizações.

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Atualmente, as concessões de telefonia fixas impõem obrigações para as empresas, como a universalização dos serviços e a instalação de orelhões. Pela proposta, a Anatel poderá autorizar a adaptação, mediante solicitação da concessionária. Com a mudança, as empresas não terão mais essas obrigações, mas deverão assumir compromissos de investimentos.


Com a decisão desta quarta-feira, tais imóveis deixam de ser considerados automaticamente bens reversíveis. Na reunião, a Anatel decidiu ainda antecipar o debate sobre regulamentação para o primeiro semestre deste ano, quando vai propor alterações no Regulamento de Bens Reversíveis. A agência reguladora pretende ter as novas regras aprovadas até o fim do ano. "Este é um tema de grande sensibilidade e exige o pertinente debate público com a participação de todos os atores envolvidos Precisamos encontrar a segurança jurídica para o instituto de reversibilidade", disse Quadros.

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Bens reversíveis


Bens reversíveis são aqueles ligados à prestação do serviço e que devem ser revertidos ao poder público ao término da concessão, independentemente de terem sido transferidos ao concessionário ou sido por este incorporados durante a execução do contrato. A polêmica envolvendo a questão gira em torno do valor dos bens reversíveis, pois, após a devolução ao poder público, somente serão indenizados, na forma do contrato, os bens que ainda não tiverem sido amortizados.

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Relatório divulgado pela Anatel em 2012 revelou que o valor total desses bens passa de R$ 100 bilhões. "De acordo com o relatório, o valor de aquisição dos bens de todas as prestadoras anteriores a julho de 1998 somaR$ 25,9 bilhões. De 1998 até 2005, prazo de validade do primeiro contrato, o valor chega a R$ 30,9 bilhões e, até 2011, sobe para R$ 51,4 bilhões." Ao todo, são R$ 108,3 bilhões.


Na ocasião, o Tribunal de Contas da União determinou que a agência apresentasse a lista atualizada dos bens por temer a possibilidade de parte deles ser vendida pelas concessionárias sem autorização prévia. Para o órgão, a conservação dos bens visa garantir a continuidade do serviço público após o término da concessão.


Em 2013, após fiscalização, o órgão avaliou em R$ 105 bilhões o valor dos bens. "A regulamentação de controle elaborada pela Anatel não assegura a conformidade e a atualidade das informações sobre esses bens. O processo de apuração de irregularidades e de eventual aplicação de penalidades é ineficaz."

Em 2016, o governo defendeu o fim da reversibilidade em troca de mais investimentos para o setor. Em nota técnica publicada em maio, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda estimou os bens em R$ 17, 7 bilhões.


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