A Associação das Empresas de Garantia, Verificação e Informação de Cheques (Abracheque), está fazendo um alerta aos lojistas para o aumento de casos de um nova fraude que vem sendo chamada de "golpe do marido". O golpista segue uma mulher que está fazendo compras, observa quando ela vai pagar com cheque, e mais tarde um outro golpista aparece na loja se dizendo marido da compradora, e se oferecendo para trocar o valor por dinheiro. A intenção dele é adulterar o cheque, colocando um valor bastante superior.
O presidente da Abracheque, João Montenegro, diz que a entidade só tomou conhecimento de alguns casos em São Paulo, mas resolveu agir antes que muitos comerciantes sejam enganados. "Estamos entendendo que a fraude está dando certo e que os bandidos estão desenvolvendo a técnica, por isso resolvemos alertar os comerciantes", explica. Ele diz temer que a técnica "vire moda" e comece a ser aplicada em outras cidades.
Segundo Montenegro, o "golpe do marido" funciona através do trabalho de dois homens, ambos bem vestidos. "Eles vão atrás de uma mulher que vai fazer compras em um lugar caro e um deles entra, fazendo de conta que vai comprar alguma coisa", relata. Segundo ele, no momento em que a mulher vai pagar os produtos, o golpista também vai ao caixa, fingindo que também vai pagar por algo. "Ele se aproxima da vítima, pega o talão de cheques e dá a impressão que está preenchendo, mas na verdade ele está tomando nota dos dados da vítima, no momento em que ela também está preenchendo o cheque", diz.
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O passo seguinte, segundo Montenegro, é acionar o outro golpista, que 15 minutos depois da mulher ter saído da loja, se apresenta ao comerciante como sendo marido dela. Munido das informações que o outro homem havia conseguido, o "marido" sugere a troca do cheque por dinheiro, alegando que não vai ter tempo de ir ao banco e que a conta da mulher está sem saldo. "O comerciante fica satisfeito com a atitude do suposto marido, e acaba sendo enganado", opina Montenegro. Depois disso, o fraudador adultera o valor do cheque.
O cliente que tiver um cheque roubado nesse golpe pode mover uma ação contra o lojista, explica Montenegro. "Se a pessoa entrar com uma ação de perdas e danos, ela pode conseguir receber dez vezes o valor do cheque", afirma.
O presidente da Abracheque sugere que se o comerciante quiser fazer a troca de cheque por dinheiro, anule o primeiro, de modo que fique impossível de utilizá-lo novamente. "Riscar a assinatura ou rasgar a folha são maneiras de evitar que alguém tente se aproveitar do cheque", recomenda.
A gerência técnica do Banco Central em Curitiba, que coordena os trabalhos no estados do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul diz não ter conhecimento ainda desse tipo de golpe. Mesmo assim o BC orienta para que os comerciantes tenham muito cuidado se decidirem trocar um cheque por dinheiro.
Segundo a instituição, não há impedimento legal para fazer a troca. "Mas é preciso verificar antes, como por exemplo ligar para o telefone atrás da folha do cheque e pedir permissão para o emissor", orienta a assessoria de imprensa do BC.
A Delegacia de Estelionato em Curitiba não tem números específicos sobre essa modalidade de golpe. Mas de acordo com o delegado Claudimar Lúcio Lugli, toda semana são registradas pelo menos duas queixas referentes a cheques adulterados.