A Área do Livre Comércio das Américas (Alca), que entra em vigor em janeiro de 2005, só interessa ao Brasil se os Estados Unidos fizerem concessões no setor agrícola, reduzindo ou acabando com os subsídios agrícolas e intensificando a política anti-dumping. A declaração foi feita nesta terça-feira pelo assessor para Assuntos Econômicos e Comerciais do secretário-geral das Relações Exteriores em Brasília, Regis Percy Arslanian. Ele participou do Fórum de Debates Mercosul x Alca, realizado pela Associação Comercial do Paraná (ACP) em Curitiba.
Segundo Arslanian, no dia 15 de maio inicia mais uma etapa do processo de implantação da Alca. A partir desta data todos os países envolvidos participarão de uma espécie de Bolsa de Ofertas, onde apresentarão quais as suas principais áreas de interesse.
''O principal interesse do Brasil é pedir a redução dos subsídios oferecidos pelos Estados Unidos para a produção agrícola. Queremos o comprometimento de todos os países para uma posição firme e investigações rigorosas contra a prática de dumping. Vamos ainda pedir a redução dos picos tarifários'', adianta Arslanian. Ele lembra, no entanto, que os Estados Unidos representam um mercado de 260 milhões de habitantes que será importante para o Brasil.
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A embaixadora do México, Cecília Soto, também participou do evento para contar a experiência do seu país no Nafta (Tratado Norte Americano de Livre Comércio). Segundo ela, quando o México aderiu ao programa, a abertura do mercado já havia sido feita e de maneira selvagem. Portanto, os problemas para o setor produtivo foram menores.
A grande dificuldade, segundo ela, foi a carência de mecanismos que compensassem as diferenças econômicas entre os países. Para tentar superar essa dificuldade foi criado um banco que ainda não está capitalizado, que vai financiar projetos mexicanos. A outra grande dificuldade que ainda não foi superada diz respeito aos imigrantes. Hoje, 20 milhões de mexicanos moram do outro lado da fronteira, já nos Estados Unidos, sem o reconhecimento do país.
O senador Roberto Requião (PMDB), que integra a Comissão Parlamentar conjunta do Mercosul, acredita que ''a Alca já acabou''. No seu entendimento, no momento em que os Estados Unidos elevam as tarifas do aço e adotam medidas para proteger o trabalho no seu país, estão mandando uma mensagem para que o Brasil tome as mesmas atitudes. ''As negociações estão sendo feitas numa via de mão-única. Nós cedemos tudo e os Estados Unidos não cedem nada'', considera.