Os diretores da Sanepar e os membros dos conselhos de administração e fiscal da companhia de saneamento aprovaram no último dia 26 de setembro a distribuição de lucros e aumento de suas próprias remunerações mensais. O salário engordado resultará num acréscimo de R$ 1,6 milhão por ano nas despesas da empresa estatal. A proposta que foi apresentada em assembléia geral extraordinária caiu como bomba entre os deputados da oposição, que encaminharão denúncia ao Ministério Público.
O deputado Nereu Moura (líder do PMDB) ocupou a tribuna do plenário da Assembléia Legislativa para fazer um discurso inflamado contra a atitude dos diretores da Sanepar. Moura alegou que o ato foi "imoral e ilegal", pois fere a lei eleitoral, que proíbe o governo de dar aumento de salário ou remuneração três meses antes da eleição. "Além disso, eles aumentaram salário sem aprovação da Assembléia", criticou.
Com o remuneração extra e divisão de lucros, o presidente da Sanepar, Carlos Teixeira de Freitas, por exemplo, terá um ganho extra de R$ 113,2 mil no ano, a título de atingimento de metas. Ele embolsará também R$ 12,9 mil que representa a remuneração mensal, segundo o deputado. Moura disse que serão distribuídos ainda R$ 703,8 mil para os demais seis diretores como participação nos resultados, além de R$ 9,9 mil de salário.
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A autoconcessão de aumento salarial e divisão dos lucros atinge indiretamente os conselheiros que, em sua maioria, são secretários de Estado, afirma Nereu Moura. Eles, segundo o deputado, foram agraciados com R$ 166,6 mil que deverão ser rateados entre Giovani Gionédis (ex-Fazenda), Miguel Salomão (Planejamento), Hitoshi Nakamura (Meio Ambiente), Armando Raggio (Saúde), e demais membros do conselho. Com a inesperada reforma do secretariado anunciada pelo governador Jaime Lerner, os substitutos é que herdarão o benefício.
Em nota oficial encaminhada ontem à imprensa, a Sanepar contestou as acusações de Moura. "A remuneração de R$ 12,9 mil do presidente da Sanepar será aplicada apenas nos três últimos meses, perfazendo R$ 38,9 mil, que somados aos R$ 88,3 mil recebidos nos outros nove meses, perfazem R$ 127,3 mil no ano", diz a nota. Pela explicação, Teixeira recebe R$ 10,6 mil por mês para presidir a Sanepar.
A Sanepar disse ainda que a "bonificação extra anual" refere-se a um programa interno de resultados. Eles ganham a mais quando atingem metas. O balanço deste ano ainda não foi divulgado pela Sanepar, mas em 1999 houve lucro de R$ 59,2 milhões. Os lucros só serão distribuídos se as metas forem atingidas, diz a Sanepar.