A crise argentina afetou as exportações de móveis do pólo de Arapongas, no Norte do Estado. Apesar das indústrias brasileiras se ressentirem da queda no consumo no país vizinho, o momento pode ser favorável a empresas interessadas em abrir novos mercados no exterior. Mas um dos entraves para os empresários de Arapongas ainda é a falta de design próprio dos móveis, já que os consumidores europes exigem produtos de primeira linha.
O diretor de compras da Simbal, Mauro Leonel, acredita que, a partir deste mês, a empresa deva começar a sentir os reflexos da crise argentina. "O consumo caiu muito naquele país, que atualmente é nosso principal importador", disse. Fundada há 40 anos, a Simbal comercializa seus móveis para outros países há apenas três anos.
Até o mês passado, a empresa exportava cerca de US$ 100 mil para a Argentina, ou seja, 5% de sua produção mensal. A empresa exporta outros 3% de sua produção - de 16 mil conjuntos de estofados/mês - para o Uruguai, Paraguai, Chile e Porto Rico.
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"Vamos ver como vão ficar os negócios com os argentinos", disse Leonel. A indústria já está mantendo contatos com a África. "Para tentar entrar no mercado europeu, a empresa pretende montar uma linha de móveis diferenciados, mais bem acabados, daqui a seis meses", revelou.
O empresário Elison Cattaneo, proprietário da Móveis Estrela, acredita que o melhor momento para investir na expansão de novos mercados é durante uma crise, desde que a empresa esteja capitalizada.
"Com o dólar alto, nossos produtos ganharam competitividade no exterior. Enquanto no ano passado um produto de R$ 100 custava US$ 55, hoje custa US$ 40", calculou Cattaneo. Embora a espuma seja cotada em dólar, o industrial afirmou não ter repassado a variação do câmbio para os preços dos estofados. "Baixamos nossa margem de lucro de 8% para 3,5% no último ano."
Com o objetivo de tentar aumentar as exportações, desde janeiro a Estrela investiu R$ 1 milhão na compra de maquinários, que vai ampliar a capacidade da fábrica a partir do próximo mês em seis mil peças/mês. "Hoje exportamos 12% de nossa produção mensal, que é de 21 mil peças. Queremos aumentar esse índice para 21% até dezembro", contou Cattaneo.
Segundo ele, as vendas para a Argentina, responsável por 4% das exportações da empresa, estão paralisadas há dez dias. "É uma pena porque o frete custa mais barato. Mesmo assim, não vai afetar os negócios da Estrela", afirmou. Com um faturamento de R$ 16 milhões por ano, a empresa tem 200 funcionários.