Imagine metade da população do Paraná perdendo o emprego depois de um mês de isolamento social, resultado da queda de 5,4% do Produto Interno Bruto do país. Esta é uma das conclusões do estudo "Impactos econômicos de curto prazo do combate ao vírus COVID-19". Em números, mais de 5,6 milhões de empregos formais e informais perdidos em todo o país, mesmo com atividades essenciais em funcionamento.
O trabalho é assinado pelos professores Umberto Antonio Sesso Filho, da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Paulo Rogério Alves Brene, da Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná), Ronaldo Raemy Rangel da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas) e Luan Vinícius Bernardelli da Unespar (Universidade Estadual do Paraná), que compõem um grupo de pesquisadores que realizam estudos sobre desenvolvimento regional, e já divulgaram estudo semelhante, focado em Londrina e no Paraná.
O estudo utiliza dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Ministério do Trabalho e Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) e se baseia metodologicamente na ferramenta insumo-produto (que leva em conta a cadeia de produção) e no efeito renda (que outros modelos não consideram) e que leva em consideração o fato de que, com perda de renda, gasta-se menos, circula menos dinheiro, e aumenta o prejuízo na economia geral. São observadas, portanto, variáveis como produção, emprego, renda, impostos e rendimento do trabalho, num período de 30 dias entre março e abril de 2020. Isso sem medidas governamentais de proteção às atividades econômicas, como se tem observado.
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Sabe-se que nem todos os 56 setores da economia do país, analisados pelos autores, sofreram a mesma queda na demanda ou paralisação (total ou parcial). Mas os impactos alcançam todos, direta ou indiretamente. De acordo com o professor Umberto, os micro e pequenos empresários constituem mais de 90% daqueles que são atingidos primeiro. Os resultados da simulação sobre as empresas mostraram que cerca de 213 mil microempresas, 31 mil pequenas, 3 mil médias e 1,8 mil grandes desapareceriam com consequente redução da capacidade produtiva do país ao final do ano de 2020. Também é bom lembrar que, segundo o estudo, trabalhadores menos qualificados devem ser os mais atingidos - postos de trabalho que exigem ensino fundamental e médio seriam duas vezes mais fechados do que aqueles que exigem formação superior.
ICMS
Por outro lado, supermercados e farmácias têm até efetuado contratações, em razão da demanda. E se o Poder Público teve até agora impacto zero em relação a demissões, não se pode dizer o mesmo dos impostos. O estudo aponta, por exemplo, que o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) deverá ter uma perda de 50 bilhões de reais no ano. O ICMS é o principal tributo dos estados, e as medidas mais ou menos fortes de isolamento de um estado afeta os outros.
Um mês de impacto já gerou prejuízos visíveis e irrecuperáveis. Umberto alerta, porém, sobre as consequências para a economia do prolongamento do isolamento social por mais meses, com paralisação de atividades, especialmente pelo efeito renda. Com menos dinheiro, as famílias logo tratam de evitar gastos, gerando impacto no mercado imobiliário, lazer e cultura, planos de saúde, turismo, apenas para citar alguns.
O estudo completo pode ser acessado neste link.