Pesquisa de Salários e Benefícios realizada pela Andersen (ex-Arthur Andersen) nos meses de março e abril, que ouviu 160 empresas em São Paulo, Rio de Janeiro e Sul do País, revela que a maioria das empresas (79%) estava com expectativas otimistas em relação ao desempenho de seus negócios no próximo semestre, enquanto 19% acreditavam na estabilidade. A pesquisa foi feita antes da crise de energia e do agravamento da desvalorização cambial.
Na região Sul, não atingida pelo racionamento, as expectativas otimistas continuam, afirma o diretor da Andersen, Vicente Picarelli Filho. Mesmo assim, algumas das grandes empresas pesquisadas estão adotando novas formas de gestão de recursos humanos para se manterem mais flexíveis. A tendência das empresas é adotar cada vez mais essas posições que dão agilidade para o enfrentamento das crises que contaminam a economia.
As empresas estão com um entendimento diferente a respeito da crise energética. Picarelli admite que o embate é difícil e que vai funcionar como divisor de águas para muitas empresas. Muitas organizações estão enfrentando essas crises (alta do dólar, instabilidade na Argentina e energia) diariamente. A resposta das empresas é o surgimento de novas capacidades estratégicas para enfrentar tudo isso de novo.
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Segundo Picarelli, a cada onda de crise as organizações se auto-organizam de forma diferente ao modelo tradicional. Elas buscam mais flexibilização de seus sistemas e a agilidade no mercado. Com isso, a tendência é aproveitar melhor os recursos já disponíveis na empresa como os funcionários. "Surge como fato novo na organização das empresas a contratação ou manutenção de funcionários que fazem a diferença, que se envolvem com as metas da empresa."
A pesquisa da Andersen constatou que as empresas estão adotando políticas mais modernas e diferenciadas na gestão de pessoal e de remuneração. Elas estão substituindo cada vez mais os planos de carreira onde os profissionais cresciam na empresa por acesso a cargos-chaves. A tendência das empresas é valorizar os profissionais que conquistam novos conhecimentos, traduzidos em habilidades e competências, explicou Picarelli.
A disputa por bons profissionais está cada vez mais acirrada e a área de recursos humanos começa a ser percebida como uma função-chave dentro das empresas. O estudo da Andersen mostra que 86% das empresas devem ampliar os investimentos nesse departamento nos próximos três anos. As principais áreas que receberão investimentos são treinamento e desenvolvimento (89%), remuneração (51%), benefícios (48%), departamento pessoal (18%).
De acordo com o estudo da Andersen, embora a remuneração funcional (por cargo) ainda seja a prática mais usual no mercado, um número maior de empresas está adotanto a remuneração por habilidades e competências combinada com formas diferenciadas de remuneração variável, baseadas no desempenho, em todos os níveis hierárquicos.
A pesquisa revela que os sistemas de trabalho estão sendo revistas e novas tecnologias estão sendo assimiladas. O fator de sucesso nessa combinação é as pessoas. "Isso é o que flexibiliza a organização", afirmou Picarelli. Para o analista, essa situação muda todo o contexto de carreira, onde as pessoas sabem que precisam adquirir conhecimento necessário para o negócio da empresa. "Isso é o que vai dar a verdadeira dimensão ao profissional."
Segundo Picarelli, talvez a alta do dólar e a crise energética sejam divisores de sucesso tão mais alcançável quanto mais preparadas estiverem as pessoas.