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Crise no governo

Vice presidente volta a reclamar dos juros

Redação - Folha de Londrina
23 mai 2003 às 17:29

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A polêmica dentro do governo federal em torno da política de juros do Banco Central parece estar longe de acabar. Apesar de evitar voltar à questão abertamente depois de ter assumido a interinidade da Presidência, o vice-presidente José de Alencar voltou a se queixar da atual taxa Selic para empresários do setor gráfico.

Em audiência no Palácio do Planalto, onde Alencar despacha no gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice mais uma vez defendeu a redução dos juros e ganhou apoio do setor produtivo. "Enquanto os juros reais do Brasil estiverem nesse patamar, o mercado não decola, a indústria não funciona e a renda continuará caindo. Apoiamos integralmente a posição de Alencar", disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), Mário de Camargo.

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Segundo os empresários, Alencar se resumiu a fazer uma análise técnica da atual situação. Para o vice-presidente, se o Brasil considerasse a taxa de juros norte-americana e acrescentasse o risco Brasil no seu ponto máximo (800 pontos), mais uma previsão de inflação futura, "pessimista de 8 a 9%", poderia adotar uma taxa básica de juros entre 18 e 19%.

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A diferença de oito pontos percentuais acima disso, que vem sendo praticada pelo Banco Central, significa para cada ponto percentual uma despesa de R$ 9 bilhões ao ano. "Ele fez uma análise clara do que seria uma política de juros com índices razoáveis", disse Camargo.


A avaliação do vice-presidente foi endossada por todos os empresários. "O setor produtivo todo passa por um momento de estagnação. A opinião é unânime: o Brasil produtivo está marcando passo à espera de uma posição do mercado", enfatizou Camargo. Para os representantes da Abigraf, a atual taxa de juros desestimula o investimento produtivo e só beneficia os especuladores.

"Naturalmente este é um movimento aplaudido pelos banqueiros internacionais. (...) Com uma remuneração dessa garantida através do título do Tesouro, quem vai se arriscar a ter um patrimônio com retorno de 10% ou 15% numa atividade de risco? O raciocínio do vice-presidente é óbvio", disse Camargo.


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