Esta quinta-feira (21) seria dia de festa de formatura para alunos do terceiro ano do Colégio Estadual Benjamin Constant, localizado na Rua Atílio Scudeler, 1.000, na Vila Portuguesa. O dinheiro que seria utilizado para pagar a festa, que seria realizada no Empório Guimarães, sumiu.
A formatura, que seria realizada para 33 alunos do terceiro ano do colégio, começou a ser preparada em abril. Neste mês, os alunos começaram a realizar os pagamentos dos convites. Conforme o advogado Miguel El Kadri, cada convite custava R$ 180, no entanto, o valor da mensalidade variava entre os alunos de acordo com o número de pessoas que levariam à festa.
"Os alunos quitaram nove parcelas. Quando foram quitar o décimo pagamento [uma semana antes da festa], descobriram que o Empório Guimarães já estava reservado desde setembro para outra festa [nesta quinta-feira]. O secretário [Fábio Júnior Zanin] pediu rescisão do Empório e o Empório mandou e-mail para o diretor informando sobre isso", explica Miguel. No entanto, os alunos não ficaram sabendo de nada e continuam efetuando os pagamentos.
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De acordo com o advogado, o secretário responsável pelos pagamentos das mensalidades dos estudantes pegou 90 dias de afastamento por questões psicológicas. Mas o motivo do afastamento não foi divulgado. O afastamento foi liberado na mesma semana na qual o calote foi descoberto.
"Oficialmente, nem a direção e nem o núcleo [Núcleo Regional de Educação] se manifestaram em relação a isso. O núcleo não liberou nem os protocolos de pedido dos pais." Dirceu Vivan, diretor do colégio desde 2001, ficou com os contratos e recibos. "Até agora só conseguimos os documentos de três pais, mas só porque estávamos junto com os pais. Uma mãe tentou pegar o contrato esta semana, mas ele se recusou a entregar a ela."
"Vamos ter que discutir na Justiça. É mais ou menos aquela história: não vi nada, não sei de nada. Ano passado aconteceu a mesma situação na mesma escola. Ao invés de realizarem uma formatura, fizeram um encontro numa churrascaria. Os mesmos envolvidos [diretor e secretário] eram os responsáveis na ocasião."
Miguel explica que, na verdade, os alunos contrataram a escola, que seria a responsável por contratar o Empório Guimarães. "Isso foi uma novidade pra mim. O colégio intermediava tudo. O diretor, o secretário e mais uma secretária é que assinavam todos os documentos e recebiam os pagamentos do alunos. "A situação é bem complexa e vai dar bastante trabalho. Infelizmente, os alunos vão ficar sem formatura. Mas esperamos que até o início do próximo ano, a gente consiga reunir mais informações e documentos e tentar que o núcleo responda alguma coisa", ressalta.
O advogado afirmou que o Núcleo Regional de Educação (NRE) vai esperar acabar a licença do secretário para apurar a situação. A reportagem do Portal Bonde tentou falar com a chefia do NRE, mas não conseguiu.
"Nós vamos apurar junto ao Ministério Público e até mesmo na esfera cível e criminal para uma eventual condenação do responsável por isso e também para tentar o ressarcimento do dinheiro. Vamos continuar buscando as informações. Caso seja necessário, teremos que recorrer ao Judiciário para termos acesso aos contratos e recibos dos pais dos alunos que estão retidos com o diretor do colégio."
A grande maioria dos pais abriu boletins de ocorrência. A reportagem conversou com dois alunos do colégio que teriam a festa de formatura nesta quinta-feira (21). Os dois alunos afirmaram que "nunca imaginaram que o secretário faria uma coisa dessas". "A nossa relação com ele [Fábio] era ótima. A gente conversava e brincava muito com ele. Para nós, ele era nosso amigo do coração", disse um deles.
A reportagem também tentou entrar em contato com o colégio por diversas vezes, mas ninguém atendeu o telefone.