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Crime foi na Unopar

Assassinato de Amanda Rossi completa 10 anos; família ainda sofre com lentidão da Justiça

Paulo Monteiro / Nosso Dia
30 out 2017 às 14:31

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- Arquivo pessoal
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O rito é o mesmo. O aposentado Luiz Carlos Rossi, 59 anos, permanece por horas na varanda de casa, lendo um jornal, observando o movimento da Rua Santa Bárbara, na Vila Fraternidade, zona leste de Londrina. Ele repete esse hábito há décadas, desde que se mudou para o bairro. No entanto, há 10 anos Luiz perdeu a companhia da filha Amanda Rossi, assassinada em 27 de outubro de 2007, aos 22 anos de idade, dentro do campus Piza da Unopar, zona sul de Londrina.

"Hoje me sento aqui e ainda vejo ela deitada nesta rede, com os livros da faculdade na mão, ao meu lado. Esses 10 anos não tiraram ela da minha cabeça", conta o aposentado.

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Mesmo diante da data (o décimo ano do assassinato foi completado na última sexta-feira), ele não deixa a rotina de lado. "A tristeza existe, é claro, mas esses anos me ensinaram muito. Um misto de tristeza e alegria. Alegria por tudo que a Amanda deixou de bom", adianta. Segundo ele, amigos e a filha caçula fariam uma homenagem para Amanda na Paróquia Nossa Senhora Perpétuo Socorro, Vila Fraternidade, na missa do último fim de semana. Lugar que era frequentado por Amanda e toda a família.

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Luiz deixa a serenidade um pouco de lado ao falar da morosidade que envolve o processo de Denise Madureira, que também completará uma década. Ela é acusada de ser a mandante do crime. Na época, Denise era professora do curso de educação física da Unopar e dava aula para Amanda. "A ferida ainda continua aberta. E um dos motivos é por esta pessoa ainda não ter sido julgada. Isso nos faz sofrer demais. Até ela [Denise] deve sofrer com essa demora toda. Se ela realmente é inocente, poderia comprovar isso diante do tribunal do juri."

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O crime
A universitária Amanda Rossi foi encontrada morta na casa de máquinas da piscina da universidade, em 29 de outubro de 2007. A jovem havia desaparecido dois dias antes, durante um evento de dança no mesmo centro universitário. Segundo a advogada da família Rossi, Helen Katia Cassiano, três pessoas teriam participado do crime. Dayane de Azevedo, que teria atraído Amanda até o local do assassinato; Alan Aparecido Henrique, executor; e Luiz Vieira da Rocha, que teria intermediado a conversa entre a mandante e os demais envolvidos.


"No dia do crime, Daiane foi até Amanda e disse que a professora Denise a estaria esperando na casa de máquinas. Alan era quem a aguardava. Segundo o perito criminal, ele deu um golpe com um objeto pontiagudo e acertou a região acima dos olhos dela. Amanda se desequilibrou e Alan teria a matado com um estrangulamento. Alan seria o autor direto. Luiz não estaria no local no momento do crime, mas teria intermediado tudo", detalha a advogada.

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Os três já foram condenados. Dayane a 23 anos de prisão; Alan Aparecido a 21 anos; e Luiz Vieira da Rocha a 19 anos.


O quinto elemento
A advogada Helen Katia Cassiano dá mais detalhes sobre a suposta participação de Denise Madureira no caso. "A professora seria a mandante. Ela entrou em contato com Luiz e ele conversou com os demais autores", salienta a advogada, destacando que os envolvidos receberiam um valor em dinheiro para executar o crime.

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Helen revelou ainda o envolvimento de uma quinta pessoa, que também seria aluna de Denise. "A Denise teria sido convencida por uma outra mulher. Esta outra mulher é que não gostava da Amanda. Uma mente doentia, que sentia inveja e raiva da Amanda. Temos o nome desta outra mulher, mas não podemos divulgá-lo", relata. "Amanda se dava muito bem com Denise. A professora foi influenciada e fez o primeiro contato com Luiz, que trabalhava em frente ao centro universitário como ambulante."


Após as condenações de Alan e Dayane, em 2011, e de Luiz, em 2012, resta apenas o julgamento da Denise Madureira. "O processo encontra-se na 1ª Vara Criminal há praticamente 10 anos. O inquérito policial que investigou a participação da Denise foi devolvido para a Polícia Civil várias vezes. A Delegacia de Homicídios se concentrou nos executores do crime. O inquérito que apurava a participação de Denise acabou sendo deixado para depois."

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Em liberdade
Denise permanece em liberdade. Na época do crime, nomes de outros suspeitos circularam pela cidade. "Fizemos uma investigação paralela. Escutamos que pessoas ligadas à universidade teriam envolvimento no caso, mas a nossa apuração não mostrou isso. Amanda também não tinha envolvimento amoroso com outra mulher. Ela não era homossexual, namorava um rapaz na ocasião", reforça Helen.


A reportagem procurou o promotor de Justiça Ricardo Alves Domingues (Vara Criminal e do Tribunal do Juri), a repeito do processo. Porém não foi possível ouvi-lo na tarde de sexta-feira (27). Nas tardes de quinta (26) e sexta-feira (27) a reportagem entrou em contato com o delegado Paulo Henrique Costa, hoje titular do 5° Distrito Policial, mas ele também não estaria no DP. O jornal também tentou ouvir o advogado da professora, Luciano Bignatti Niero, mas não obteve um retorno.

Segundo a advogada Helen Katia Cassiano, o processo contra Denise Madureira também teria sido aberto há cerca de 10 anos. "A demora pelo julgamento de Denise causa muito sofrimento aos familiares. Isso precisa ser resolvido. Na ocasião, a Polícia Civil de Londrina pediu o indiciamento por homicídio qualificado da professora. O delegado [da Delegacia de Homicídios] da época, Paulo Henrique Costa, entendeu que ela era responsável por mandar matar Amanda Rossi."


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