As centenas de pessoas que ocuparam o Residencial Flores do Campo há 25 dias montaram uma barreira de pneus para restringir o acesso ao residencial. A medida foi tomada diante da decisão da juíza federal substituta Georgia Zimmermann Sperr, que determinou a desocupação voluntária dos imóveis em um prazo de 72 horas, contados a partir das 10 horas da manhã de sexta-feira (dia 21), ou seja, venceu na manhã de hoje. O despacho da juíza determina que, em caso de descumprimento, seja aplicada uma multa de R$ 500 por unidade habitacional e por dia de descumprimento da ordem judicial.
A decisão determina também que o oficial de justiça, na ocasião do cumprimento de mandado, identificasse e qualificasse os ocupantes de cada imóvel, com todos os dados possíveis, no entanto os moradores afirmam que isso não foi feito. A decisão também previu que diante do elevado número de ocupantes, caso eles não fossem identificados e qualificados, ao menos as lideranças, cuja existência viesse a ser constatada, deveriam ser apontadas.
A reportagem conversou com uma das pessoas que estava na ocupação, que se identificou apenas como Pastor. Ele relatou que o movimento de ocupação não possui lideranças. "Eu não sou líder de nada. Eu apenas estou defendendo o direito das pessoas terem a sua casa própria", afirma. Ele ressalta que não acha justo o que estava acontecendo ali. "Estava tudo abandonado, tudo jogado e sendo destruído. Aqui não tinha condições de moradia e estava abandonado há um ano e sete meses. Então o povo achou que poderia se apropriar daquilo que é para eles mesmos", argumentou.
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O pastor pede que o local receba infraestrutura. "A gente quer que pavimentem o lugar e levem água direto para o povo", aponta. Ele solicita que os responsáveis pelo empreendimento deem a oportunidade das pessoas se inscreverem para pleitear o imóvel, para que eles possam receber um carnê para pagar as prestações do imóvel. Sobre a barreira, o Pastor afirmou que é uma maneira da comunidade se proteger. "Tem uma casa de um pai de família daqui em que um policial meteu o pé na porta e quebrou a televisão e a geladeira. Eles não respeitam a gente e querem que a gente autorize a entrada deles na hora em que eles querem", reclama. Segundo ele, quem faz a guerra são essas pessoas. "Aqui só tem famílias de bem", defende.
A Caixa afirmou, por meio de sua assessoria, que depois que entrou com o pedido de reintegração de posse, não sabe como isso será feito e que isso ficará sob responsabilidade da Polícia Federal. A Polícia Federal foi procurada para comentar, mas devido a uma reunião, ninguém pôde atender a reportagem.