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Fim de uma era

Casa do Caminho fechará albergue

Redação - Folha de Londrina
13 mai 2003 às 17:18

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Até outubro, os últimos moradores do albergue da Casa do Caminho, uma das entidades beneficentes mais tradicionais de Londrina, precisam encontrar um novo lar. O contrato de aluguel da casa onde eles residem atualmente, localizada no bairro Aeroporto (zona leste), a duas quadras da sede da instituição, vence neste mês e não será renovado. Hoje, sete pessoas vivem lá e estão tristes com a certeza da mudança.

Segundo uma das fundadoras da entidade, Tânia da Silveira, as dificuldades em manter o albergue começou quando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) entrou em vigor, em 1990. Na época, todos os abrigos estavam em desacordo com a nova lei e precisavam se adequar para continuar a receber verbas públicas. Para isso, era necessário construir casas-lares para abrigar pequenos grupos e não manter todos em uma mesma estrutura, como era a situação da Casa do Caminho, que chegou a atender 185 crianças no albergue e outras 60 que passavam o dia na instituição.

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De acordo com Tânia, de 1995 para cá, o albergue deixou de receber crianças e todas as que já moravam ali foram sendo reencaminhados para a família de origem ou seguiam seu próprio caminho, após atingir a maioridade. Entre os sete que ainda permanecem no local está Paulo César Miguel, 17 anos, que mora ali com o irmão Wesley Antônio dos Santos, 19, desde que tinha cinco anos de idade. Paulo César mal conseguia falar sobre a mudança e afirmou que ainda não tinha pensado no que ia fazer. ''É complicado, a gente vai ver o que dá para fazer'', contou.

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De todos os moradores, apenas Jeferson Alves, 15 anos, está com a situação um pouco mais tranquila. A responsável pelos adolescentes na casa, Maria Luciana da Silva, conhecida com Sandra, pediu a guarda do menino. Mas mesmo assim ele não estava satisfeito. ''É meio chato fechar depois de tanto tempo'', justificou Jeferson que mora do local há 10 anos.

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Tânia tem ainda outra questão para ser resolvida. Hoje, a sede da Casa do Caminho atende crianças de zero a seis anos na creche e oferece educação infantil de 1ª a 4ª séries. O local não deveria estar abrigando ninguém, mas há três deficientes mentais que moram na instituição em uma casa improvisada nos fundos do prédio. ''Não posso simplesmente deixá-los na rua'', ponderou. Dois deles têm família que, no entanto, não os quer de volta. ''Era preciso que o município construisse um lugar para essas pessoas'', solicitou.


A promotora da Vara da Infânica e Juventude de Londrina, Édina Maria de Paula, salientou que a principal filosofia do ECA é preservar o vínculo familiar, não separar irmãos, integrar as crianças e adolescentes em família substituta, caso não seja possível com a família original, e dar atendimento personalizado para pequenos grupos. ''Eles (os abrigos) ficaram destinados na época a dizer como iam atuar, especificando o regime de atendimento'', lembrou. Ela destacou que a Casa do Caminho não fez a readequação exigida pelo ECA e optou por ser uma creche.

A promotora lembrou que outras instituições, como o Lar Anália Franco, se adequaram e hoje funcionam com as casas-lares. ''Ela continua atendendo crianças e adolescentes''.


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