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Comerciante diz que recebeu cheque de Mello

Lino Ramos - Folha de Londrina
25 jul 2001 às 11:44

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Um cheque de R$ 7.640 emitido pelo apresentador de TV Márcio Mello (de Maringá), que ele afirma ter sido dado ao ex-chefe de gabinete da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Itaicy Mendonça, foi usado na compra de um trator pelo ex-deputado federal Benedito Pinga-Fogo de Oliveira, segundo o comerciante Laércio José Pupio. A informação foi prestada por Pupio na segunda-feira ao Ministério Público (MP) de Barbosa Ferraz (74 km a leste de Campo Mourão). Em maio, Mello declarou que a destinação a Itaicy se referia a pagamento ‘por fora’ de um contrato de publicidade superfaturado.

Laércio foi ouvido pelo promotor Marcos José Porto Soares, em cumprimento a carta precatória encaminhada pelo promotor de Defesa do Patrimônio Público de Londrina, Bruno Galatti. A promotoria investiga denúncias de irregularidades em contratos publicitários feitos pela UEL. Entre as despesas, estão diversos gastos da universidade com rádios que pertencem a Pinga-Fogo.

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Segundo Mello, o cheque foi dado a Itaicy em 1997 a mando de Pinga-Fogo, mas como o ex-deputado não ‘cobriu’ o valor, acabou voltando duas vezes por falta de fundos. Ele disse ainda que o ex-chefe de gabinete teria ido pessoalmente a Maringá buscar a importância em dinheiro. Laércio foi localizado porque o MP fez o rastreamento do cheque e descobriu o titular da conta corrente onde ele foi depositado. Na época, Mello era subgerente da Rádio Nova Ingá, de Pinga-Fogo.

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Em seu depoimento, Laércio afirmou que havia vendido um trator ao ex-deputado e recebeu dele o cheque de R$ 7,6 mil. ‘Só que o negócio não foi realizado, uma vez que o cheque foi devolvido por insuficiência de fundos’, afirmou o comerciante ao MP. Ele acrescentou que em 1997 morou em morava em Jandaia do Sul e tinha um açougue em Maringá. Laércio é irmão do deputado estadual Miltinho Pupio (PSC).

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O depoente comentou que é amigo de infância de Pinga-Fogo, mas a venda do trator foi o único negócio que fez com o ex-deputado. ‘Fomos criados juntos, as famílias são amigas, mas o único negócio com o deputado foi a venda do trator’, garantiu.


Laércio disse ao promotor de Barbosa Ferraz que ‘nunca ouviu falar’ de Itaicy e não sabe se Mello trabalhou com Pinga-Fogo. Ele disse ainda que nunca fez negócios com o reitor Jackson Proença Testa, embora fosse ‘muito amigo’ do falecido sogro de Testa. Também informou que é ‘muito amigo’ do irmão da esposa do reitor.

Laércio não foi encontrado ontem pela Folha. Em sua residência, em Barbosa Ferraz, a informação é de que ele está viajando. O promotor Bruno Galatti não quis fazer comentários sobre as declarações dele.
As denúncias de irregularidades na UEL também estão sendo apuradas por uma Comissão Especial de Investigação, criada pelo Conselho Universitário da instituição. Os membros da comissão irão pedir ao MP uma cópia do depoimento de Laércio.


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