Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já demonstrou seu descontentamento ao dizer que ''no Brasil tem lei que pega e lei que não pega''. E foi essa preocupação demonstrada hoje pelos presentes à reunião feita na Câmara Municipal de Londrina para discutir o projeto de lei que prevê que bares e similares funcionem a uma distância mínima de 200 metros de instituições de ensino.
Diretores e professores temem que a lei não surta efeito algum - como já acontece com Lei Federal que proíbe a venda de bebida alcóolica e cigarro para menores - se não houver fiscalização e não atingir os estabelecimentos já existentes na porta das escolas.
A diretora do Colégio Estadual Professora Adélia Dionísio Barbosa, Cileide Teixeira da Silva Polli, revelou que o problema de embriaguêz de alunos está atingindo proporções alarmantes. Segundo ela, dois alunos de 12 anos foram flagrados bêbados em sala. A escola está localizada no Conjunto Parigot de Souza III (zona norte) e, segundo ela, a situação é de extremo risco para os funcionários e os dois mil alunos.
A praça em frente à escola, segundo ela, é ocupada por marginais e desocupados, que se aproveitam da iluminação precária do local à noite. Até o bar que fica próximo baixa as portas ao anoitecer. Somente este ano, ocorreram dois assassinatos nas proximidades do colégio.
O diretor do Colégio Estadual Tsuru Oguido, Rodolfo Belfort, no Jardim Santa Rita (zona oeste), destacou que ''o que está faltando no Brasil não são leis novas mas sim que sejam cumpridas as já existentes''. Ele comentou que não se pode mais ''legislar apenas para dar satisfação à sociedade''. Para evitar problemas com alunos embriagados dentro da escola, ele permanece no portão de entrada e barra os estudantes alcoolizados.
O chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE), Roni dos Santos Alves, afirmou que existem bares e botequins nas proximidades da imensa maioria dos 71 colégios estaduais de Londrina. ''Tem escola que o aluno atravessa a rua e está dentro do bar'', apontou. Alves argumentou que a lei pode ser benéfica desde que seja retroativa, atingindo os bares já existentes, e que a fiscalização puna com rigor os comerciantes que desrespeitam a legislação vigente.
O autor do projeto de lei, o vereador Orlando Bonilha (PL), explicou que a legislação seria aplicada apenas aos bares que requererem o alvará após sua aprovação. ''Os antigos têm direito adquirido'', argumentou. Ele justificou que o objetivo do projeto é provocar a discussão, inclusive com os comerciantes, para se chegar a uma posição consensual.
O secretário municipal de Fazenda, Rubens Menolli, declarou que a prefeitura não dispõe de estrutura capaz de permitir a permanência de um fiscal em cada bar próximo a escolas para coibir a venda de bebida aos alunos. A secretaria tem apenas 20 fiscais para atender toda a cidade. Ele afirmou que as pessoas precisam se conscientizar de que ''a lei foi feita para ser cumprida e respeitada''.