Quatro estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL) revelaram, em depoimento ao Ministério Público (MP) na quarta-feira (6), detalhes da truculência policial sofrida por eles durante a ação que deixou mais de 200 feridos no entorno da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) no último dia 29. "Eles sofreram violência física, verbal e moral apesar de não apresentarem nenhum tipo de risco para a ordem ou segurança", destacou o promotor de Defesa dos Direitos Constitucionais de Londrina, Paulo Tavares, em entrevista ao Bonde nesta quinta-feira (7).
Os quatro universitários chegaram a ser detidos durante a ação policial. Três deles, do sexo masculino, foram mantidos em uma sala do Palácio Iguaçu. O trio contou ao promotor que foi agredido pela PM no caminho entre a Praça Nossa Senhora da Salete e o prédio do Executivo Estadual. "Os rapazes revelaram que foram alvo de socos, empurrões e até chaves de braço, além de muitos xingamentos", disse Tavares. A PM também fez a prisão de uma estudante, que teria sido levada para outra sala e obrigada, por policiais femininas, a ficar nua durante uma revista. "Os depoimentos deixam claro que houve excesso por parte da polícia. A situação descrita é lamentável. Essas pessoas tiveram a dignidade gravemente agredida", argumentou o promotor.
Os alunos também levaram ao MP os produtos utilizados por eles para amenizar a ardência causada pelo gás lacrimogênio da PM. "A polícia confundiu os medicamentos com artefatos que poderiam ser usados pelos estudantes durante um possível confronto", lembrou Paulo Tavares, que também recebeu dos universitários a bolsa de um policial militar que havia sido levada por eles durante a desocupação do entorno da Alep. "O grupo alegou que precisou sair correndo do local e acabou levando a mochila de um policial da Rone enquanto recolhia os seus pertences", disse o promotor.
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Todo o material entregue pelos alunos será encaminhado pelo promotor para a sede do MP em Curitiba. Tavares pretende ouvir as vereadoras Lenir de Assis (PT) e Elza Correia (PMDB), que estiveram em Curitiba na semana passada, nesta sexta-feira (8) e professores da UEL na próxima segunda (11). "Vou coletar os depoimentos e acrescentar as informações aos processos de natureza cível e criminal abertos pelo Ministério Público para apurar tudo o que aconteceu no dia 29", explicou.
Mais de 80 pessoas já foram ouvidas pelo MP em todo o estado.