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Faça chuva ou faça sol, 'eu sou guarda-chuveiro'

Fernando Buchhorn-Redação Bonde
20 fev 2018 às 17:33

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- Fernando Buchhorn/Portal Bonde
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Escondido e concentrado, atrás de um guarda-chuva ou de um guarda-sol, seo João costura o pano à estrutura metálica passando a agulha pelos pequenos buracos e garantindo que o objeto não volte a estragar. Mas guarda-chuva é bicho teimoso, basta um vento mais forte para entortar. E lá vai seo João, mais uma vez, bater aqui, costurar ali, garantido a qualidade do serviço e a fidelidade da clientela.

Já faz 37 anos, desde 1980, que João Barros de Alencar, 65, é "guarda-chuveiro" no centro de Londrina, atualmente no Calçadão. Mais da metade da vida fazendo reparos debaixo de chuva ou de sol; um ramo no qual, segundo o próprio, nunca falta serviço.

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Seo João, como é conhecido por quem passa pelo Calçadão, nasceu em Pernambuco, em 1953, e veio para o norte do Paraná ainda criança, juntar-se ao pai, que viera anos antes para "abrir mato", como conta. Pelo o que se lembra, teve, ao todo, 18 irmãos, dos quais 12 ainda estão vivos.

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Ao longo da vida, exerceu quatro profissões; foi padeiro, pedreiro, trabalhou abrindo valetas para tubulações de rua e, desde então, tornou-se "guarda-chuveiro", ofício aprendido com seu sogro, Brasilino, que em vida foi proprietário de uma oficina de guarda-chuvas nas proximidades do Cemitério São Pedro.

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Fernando Buchhorn/Portal Bonde
Fernando Buchhorn/Portal Bonde - Facas, agulhas e alicates servem como instrumentos para o reparo.
Facas, agulhas e alicates servem como instrumentos para o reparo.


Tornar-se consertador de guarda-chuvas nunca foi um plano, mas acabou seguindo esse caminho por conta de um desvio na coluna que o tornou impossibilitado de levantar mais de 10 kg. Como o sogro já estava no ramo, optou pela função para manter financeiramente a família.


João é casado e tem seis filhos, todos com suas vidas encaminhadas. Apesar dos 65 anos, continua no ofício por não ter outra renda. Neste ano, pretende contratar um advogado para tentar comprovar que trabalha há muitos anos e conseguir a aposentadoria, já que não contribui com a Previdência Social. Entretanto, não vai parar de consertar guarda-chuvas. "Só se ganhar na Mega-Sena [eu paro de trabalhar]", brinca.

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O trabalho não é complicado. Por ser bem específico e pouco concorrido, João garante ter bastante clientela. O preço pode variar de R$ 3 a R$ 20. Tudo depende do serviço e da qualidade do guarda-chuva ou do guarda-sol a ser consertado. Das 11h às 16h30, período em que permanece no Calçadão, de 10 a 15 itens recebem reparo.


Fernando Buchhorn/Portal Bonde
Fernando Buchhorn/Portal Bonde - Centenas de peças de diversos modelos substituem as partes avariadas nos guarda-chuvas.
Centenas de peças de diversos modelos substituem as partes avariadas nos guarda-chuvas.


Pergunto se ele costuma mudar de lugar no Calçadão, trocar o ponto em que presta o serviço. João explica que não pois vários clientes deixam os acessórios para o conserto e demoram para buscá-los. Quatro guarda-chuvas aguardam por seus donos há mais de um mês. "Quem trabalha na rua não pode se queimar [com o cliente]", explica ele, para justificar o motivo da permanência no mesmo local.


Fernando Buchhorn/Portal Bonde
Fernando Buchhorn/Portal Bonde - João atende de segunda a sexta-feira, das 11h às 16h30, próximo ao número 170, no Calçadão de Londrina.
João atende de segunda a sexta-feira, das 11h às 16h30, próximo ao número 170, no Calçadão de Londrina.


Sobre sonhos, o "guarda-chuveiro" afirma tê-los deixado para trás por conta da idade e das condições sociais em que vive, mas relembra que quisera um dia ter um sítio com pomar, horta e animais para criar. Conformado com a não realização do sonho, mas satisfeito com os amigos que fez trabalhando na rua, João afirma ser feliz com o que faz: "a felicidade da sua vida quem faz é você mesmo".

Serviço
João guarda-chuveiro atende de segunda a sexta-feira, das 11h às 16h30, no trecho do Calçadão próximo ao número 170, entre o Banco Itaú e o estúdio de fotografia SH Marabá. Não aceita cartão, mas aceita uma boa conversa e alguma história pra contar.


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