A beleza e a potência do feminino ganham formas graciosas e novos significados nos corpos de bailarinos embalados pela força da voz de Gal Costa. Essa é a proposta de “Graça”, espetáculo que o Ballet de Londrina estreia nesta sexta-feira (11), com reapresentação no sábado (12), às 20 horas, no Teatro Ouro Verde. O Ballet de Londrina tem direção geral de Marciano Boletti e direção de produção de Danieli Pereira.
“Graça” foi coreografado pela mineira Morena Nascimento, que traz em seu DNA a dança, herdada da mãe e de seu pai, Euzébio Lobo, que foi bailarino em Nova York e professor do Departamento de Dança da Unicamp. Morena, que passou por diversas companhia brasileiras, também fez parte da alemã TanzTheater Wuppertal, de icônica coreógrafa Pina Bausch. Com um currículo respeitável, Morena é a primeira mulher a coreografar o Ballet de Londrina, que está prestes a completar 31 anos de trajetória.
A coreógrafa diz que “Graça” tem na força coreográfica e dramatúrgica os principais motores do espetáculo. Para ela, a escolha por coreografar canções cantadas por Gal Costa é uma busca por afirmar um “lugar de liberdade de expressão, de liberdade da mulher, da sensualidade e da força do feminino que existe em todos nós.”
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Morena acredita que ao fazer esse resgate da obra de Gal em um espetáculo de dança é uma maneira de relembrar o papel da cantora baiana na consistência de militância de lutas por esses ideais que atravessaram toda sua carreira. “Todo movimento em torno da Gal, traz para nós uma memória muito forte da busca de algo que dá sentido à vida”, comenta.
Muito além de fazer uma homenagem à cantora baiana, que tinha como nome de batismo Maria da Graça, Morena destaca que o nome do espetáculo, “Graça”, evoca todo um sentido do que Gal Costa significa para os brasileiros.
“Uma voz cheia de graça, um gestual cheio de graça. Então vejo uma potência maravilhosa, vejo positividade, alegria, libido, sensualidade, desenvoltura, naturalidade. Um nome sucinto e que traz uma beleza nata”, analisa.
A mineria afirma que o encontro com a companhia londrinense proporcionou um processo intenso entre todos os integrantes desse novo trabalho.
“Houve muita entrega por parte de todos. Encontrei um elenco de bailarinos extremamente generosos, abertos às minhas propostas de criação e direção. Isso resultou num trabalho que é fruto da total colaboração dos bailarinos, produtores, diretor da fundação (Funcart) e do dramaturgista Renato Forin”, salienta.
Forin conta que essa parceria com a coreógrafa nasceu de forma inusitada e natural. “Não foi dada a priori (a parceira). Morena chegou com algumas canções de Gal Costa, com que queria trabalhar, focando na força do feminino, mas ainda de forma abstrata”, comenta.
A partir disso, Forin se utilizou de sua pesquisa acadêmica voltada para o estudo da canção popular, com foco no espetáculo de música teatralizado, muito utilizado por Maria Betânia. “Foi a partir dessa técnica de fragmentação de textos e canções, para a criação de um discurso novo, que trabalha momentos de sincronia e de jogos de contrastes, que construímos o roteiro”, explica o dramaturgista.
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