Onze idosos que moravam na Casa de Repouso Recanto Feliz, no bairro Shangri-lá A, na Zona Oeste de Londrina, estão desaparecidos desde sexta-feira, quando a casa foi interditada pela Vigilância Sanitária (VS) e secretarias municipais da Saúde e do Idoso. As proprietárias do asilo, Maria Helena Ferreira e Elenice Santos, que também estão desaparecidas, se recusaram a informar à secretaria o local para onde os idosos seriam transferidos. Hoje, o Ministério Público deve começar a investigar o caso.
A Casa de Repouso Recanto Feliz já era reincidente em maus-tratos aos idosos quando funciona com o nome de Casa de Repouso Oduvaldo Viana, no Parque Ouro Branco, na zona sul da cidade. Em fevereiro, a casa foi interditada e em seguida reaberta com o nome de Recanto Feliz, no bairro Shangri-lá. De acordo com a Secretaria do Idoso, a casa não apresentava condições satisfatórias de higiene e não havia pessoal qualificado para o atendimento.
A secretária municipal do Idoso, Maria Angela Santini, disse que as proprietárias não quiseram informar o que fariam com os idosos da casa e em seguida eles desapareceram. "Já acionamos o Ministério Público. Queremos saber onde estão esses idosos." A Folha tentou contato com Maria Helena Ferreira, mas seus telefones celular e residencial estavam desligados.
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Há cerca de dois meses a dona da Casa de Repouso Doce Lar, que funcionava no Jardim do Sol, na Zona Oeste, também fugiu levando junto cinco dos 15 idosos da casa. Os outros 10 teriam sido devolvidos as suas famílias. Além da Casa de Repouso Recanto Feliz, outros três estabelecimentos que atendiam idosos (Doce Lar, Centro de Apoio ao Idoso e Casa da Terceira Idade) também foram interditadas por não apresentarem condições higiênico-sanitárias satisfatórias. Outras três casas de repouso (Lar Oliviera. Piquiá e LondriSaúde) correm o risco de ser interditadas nos próximos dias.
Segundo informações da Secretaria do Idoso, 18 casas de repouso foram vistoriadas, mas apenas cinco apresentam situação regular prestando assistência de qualidade. A Folha esteve ontem nos endereços onde funcionavam as casas de repouso Lar Oliveira (Parigot) e a LondriSaúde que haviam sido notificadas pela VS, mas elas estavam fechadas. Os proprietários transferiram os idosos para outros locais na tentativa de se adequar às exigências da VS e da Secretaria do Idoso.
Maria Angela Santini reconhece que a mudança de endereço das casas autuadas pode ser uma tentativa desses estabelecimentos em tentar mascarar a realidade do atendimento aos idosos. "Algumas casas trocam de nome e mudam de endereço mas não modificam o tratamento aos idosos. A maioria não consegue se adequar porque não tem perfil para esse tipo de atendimento especializado", disse.
O promotor de Justiça Tiago de Oliveira Girardi disse que está acompanhando a situação das casas de repouso de Londrina. "Estou recebendo os relatórios sobre as intervenções. No entanto, até esse momento (ontem no final da tarde) eu não tenho conhecimento do desaparecimento dos idosos do Recanto Feliz. Hoje, vou tomar informações sobre esse caso", disse.