Cerca de 550 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupam, desde a manhã do último sábado (28), a Fazenda Marília, em Londrina, de propriedade de familiares do ex-deputado - já falecido - José Janene. A área de 200 hectares fica no distrito de Lerroville (zona sul) e está arrendada para um produtor que cria gados e planta soja no local.
O clima entre os manifestantes e os funcionários do arrendatário é tranquilo, segundo o coordenador do MST na região de Londrina, José Damasceno. "Fizemos um acordo com eles e todo mundo continua trabalhando", disse.
Conforme o manifestante, a propriedade ocupada é uma de diversas que Janene teria adquirido com dinheiro desviado por meio do mensalão e do petrolão. "Nós exigimos que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) adquira a propriedade, deposite o valor em juízo e encaminhe as terras para as nossas famílias", destacou.
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Ainda de acordo com Damasceno, o ex-deputado teria comprado onze propriedades "e outros bens", como um imóvel de luxo num condomínio de Londrina, com o dinheiro da corrupção. "São fazendas bloqueadas pela Justiça, e que podem muito bem ser encaminhadas à reforma agrária", argumentou o manifestante.
Todas as famílias atualmente instaladas na propriedade dos Janene já haviam ocupado a Fazenda Figueira, de propriedade da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), em agosto deste ano. Os manifestantes passaram algumas semanas em acampamento, mas deixaram o local em outubro, após a Justiça considerar a área produtiva e conceder reintegração de posse.
Atualmente, as famílias do MST da região de Londrina aguardam o Incra selecionar novas áreas para elas ocuparem. "Enquanto isso, continuamos acampados nessa fazenda que é objeto de corrupção", garantiu Damasceno.
O Bonde tentou contato com familiares do ex-deputado, mas não obteve retorno até o final da manhã desta quarta-feira.