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Sete novelas londrinenses

Obras e projetos estão há anos e até décadas parados ou sem sair do papel

Celso Felizardo - Grupo Folha
24 out 2016 às 17:25

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- Ricardo Chicarelli - Grupo Folha
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Muitas das obras iniciadas durante uma gestão deixam de ser prioridade para o próximo governo após as sucessões municipais. Sem o empenho necessário, o que foi planejado para um devido fim ganha outra finalidade ou, em casos mais graves, os projetos são descontinuados. O resultado é obra parada e dinheiro jogado fora. Em alguns casos, os atrasos de cronograma ocorrem dentro do próprio mandato e ficam como herança maldita para os futuros gestores.

A FOLHA listou sete casos emblemáticos em Londrina que se arrastam há vários anos sem uma solução. Alguns deles há décadas, como as desapropriações dos lotes próximos ao Aeroporto Governador José Richa ou o assoreamento do Lago Igapó. A lista também inclui projetos parados há mais de dez anos.

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Especialistas apontam os prejuízos causados pelo descontinuidade de projetos e relatam que o maior desafio para os representantes é traçar planos que garantam a finalização de projetos. Nesta visão, terminar o que já foi iniciado ganha maior importância do que propor algo novo.

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1 - Centro de Controle de Zoonoses
Desde 2003, o município tenta concretizar a a construção do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Em 2005, o município perdeu repasse de R$ 400 mil, que seria destinado pelo Ministério da Saúde, com contrapartida de R$ 180 mil da prefeitura. Nos anos seguintes, a construção do centro caiu no esquecimento até ser retomada como uma das promessas de campanha em 2009. Mais uma vez, o projeto não saiu do papel. Por fim, a atual gestão previa a construção da unidade até o fim deste ano.

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De acordo com o secretário municipal de Saúde, Gilberto Martin, uma empresa que está se instalando na cidade se interessou na construção do CCZ como contrapartida aos impactos gerados pela instalação do empreendimento. A proposta segue em análise pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul). A presidente do órgão, Inês Dequech, informou que os trâmites estão seguindo, mas que a decisão deve ficar para a próxima gestão.


2 – Aeroporto
Em 1996, a Prefeitura de Londrina firmou um acordo de cooperação com a Infraero para a adequação e modernização do Aeroporto Governador José Richa, na zona leste. Hoje, 20 anos depois, nem as 107 desapropriações de lotes vizinhos para a ampliação da estrutura foram concluídas. Até este ano, o município desapropriou todos os 51 lotes da parte sul, com investimentos de quase R$ 16 milhões, e 38 terrenos na face norte, aos custo de R$ 25,8 milhões. Há quatro meses, o governo estadual liberou R$ 11 milhões para a desapropriação dos últimos 18 lotes. De acordo com o presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Bruno Veronese, a maioria dos acordos foi amigável, mas seis deles devem ser discutidos na Justiça. "A estimativa é concluir as desapropriações até o fim do ano, pondo fim à parte que cabe à prefeitura neste longo processo."

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As próximas etapas, de responsabilidade da Infraero, prevem a ampliação em 600 metros da pista principal, alongamento da pista de taxiamento, entre outros. Entre as melhorias tecnológicas, a mais aguardada é a instalação do ILS, o sistema de pouso por instrumentos que possibilita o recebimento de aeronaves mesmo em condições climáticas adversas.


3 - Viaduto (Dez de Dezembro X Leste-Oeste)
A construção de um viaduto na rotatória entre as avenidas Dez de Dezembro e Leste-Oeste, nas proximidades da Rodoviária, é um plano antigo das administrações. A grande quantidade de veículos que passa pelo trecho, uma das principais ligações da zona leste ao centro, torna o local um dos mais perigosos da cidade, tanto para motoristas como para pedestres.

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A solução para o problema pode estar no projeto do Superbus, lançado pela atual administração, que prevê uma série de adaptações no sistema de transporte urbano, sendo um deles a construção de um viaduto no local. De acordo com a presidente do Ippul, Inês Dequech, a primeira fase dos projetos complementares (fundação, iluminação e drenagem), já foi aprovada pela Caixa Econômica Federal e está com recursos garantidos. "Depois dessa fase, o próximo passo será abrir licitação para as obras de execução da estrutura principal. O projeto do Superbus está com o cronograma em dia e, por sua grandiosidade, não caberia mesmo em uma gestão. Deverá certamente ser continuado pela próxima administração, até porque as verbas estão todas empenhadas."


4 – Desassoreamento do Igapó
Há tempos o Lago Igapó já não é mais o mesmo. Os peixes minguaram à medida que a água diminuiu e a terra acumulada no fundo do lago aumentou. Várias ilhas se formam em meio ao espelho d'água em que pássaros atravessam andando. Desassorear o principal cartão postal da cidade fez parte das metas ambientais de vários planos de governo, mas nada de efetivo foi feito nas últimas décadas.

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No ano passado, o Instituto das Águas do Paraná concluiu um estudo para o desassoreamento, com procedimentos a partir dos R$ 3 milhões, mas nenhuma ação foi colocada em prática. Pelo levantamento do Instituto das Águas, o Lago Igapó possui 321 mil metros cúbicos de sedimentos, entre areia fina, silte (fragmento de rocha) e argila. Segundo a Secretaria do Ambiente, outro estudo mais complexo está mapeando a bacia do Ribeirão Cambé, para identificar pontos de emissões de sedimentos. Ainda de acordo com a secretaria, não adiantaria desassorear o Igapó, pois se as emissões continuarem, o lago ficaria assoreado novamente em pouco tempo. A Sema não divulgou um cronograma dos trabalhos.


5 - Teatro Municipal
Uma das obras mais recentes da lista, o Teatro Municipal, no Marco Zero (zona leste), é a que corre o maior risco de ser engavetada. Do início da construção, em 2013, pouca coisa avançou. O "esqueleto" segue abandonado com as verbas federais travadas após o contingenciamento por parte do governo federal.

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A Secretaria de Gestão Pública informa que desde abril de 2014 o município aguarda repasse federal de cerca de R$ 2 milhões, referentes a 25% do valor da primeira etapa da obra. A construção foi orçada em R$ 80 milhões e dividida em duas fases. Na primeira etapa das obras, a empresa fez a terraplanagem do terreno e a infraestrutura de base e das fundações. Já a segunda parte prevê a construção da estrutura da sala principal do teatro, que terá 22 mil metros quadrados e três salas com capacidade para cerca de 2,4 mil espectadores.


6 – Manejo de pombos
Podas de árvores, instalação de holofotes, reatores eletromagnéticos. Nenhuma das estratégias adotadas na última década se mostrou eficaz na tentativa de afugentar os pombos da área central. Em 2004, a Sema já anunciava medidas para conter a superpopulação das aves, considerada um risco para a saúde pública. Em 2013, o cenário de risco se confirmou. Um taxista de 47 anos morreu vítima de criptococose, doença transmitida pelos pombos. Vários setores da sociedade chegaram a defender o abate das aves, solução rechaçada por ambientalistas.
O fato é que mais de dez anos depois do problema ser discutido, o plano de manejo dos pombos pouco avançou. A última cartada lançada pela Secretaria Municipal do Ambiente (Sema) foi notificar empresas de armazenagem de grãos. Segundo o órgão, a disponibilidade de alimento facilita a proliferação de pombos. Estima-se que a população dessas aves seja de mais de 400 mil, resultando em muitas reclamações sobre sujeira e mau cheiro.


7 - Jardim Botânico
Em funcionamento desde 2013, o Jardim Botânico, na zona sul de Londrina, já havia sido inaugurado outras duas vezes, em 2008 e 2010. Atualmente, apesar de estar em funcionamento, ainda não está concluído. O visitante dispõe de pista de caminhada ao redor do lago e trilhas na mata, no entanto, os atrativos da segunda fase da obra, previstos para 2014, que incluem anfiteatro coberto, salas de aula para educação ambiental, lanchonetes, cafés e restaurantes, seguem apenas no papel.

A estufa representa bem o atraso das obras. A estrutura de ferro e vidro consumiu R$ 7 milhões dos mais de R$ 24,4 milhões investidos no projeto até agora. Lá dentro, o visitante só vê terra e mato. A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, responsável pelo espaço, não retornou as ligações.


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