Aprender com o auxílio do rádio, dentro da sala de aula, acompanhando programas feitos especialmente para crianças de 1ª a 4ª séries, onde elas são as protagonistas, junto com os seus professores, não é novidade para 35 mil crianças de escolas municipais das cidades de Santarém e Belterra, no Pará (PA). Participantes, desde 1999, do projeto ''Rádio pela Educação e Cidadania'', a idéia já se sedimentou como política pública nesses municípios e vai ser aplicada em mais dois da região.
Desde o ano passado em Londrina, uma das idealizadoras do projeto, a jornalista Cynthia Camargo, está negociando a implantação do projeto na cidade. O mais provável é que ele seja realizado na Rádio Universidade FM, com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, já no ano que vem. Em Londrina, o público-alvo do projeto corresponde a 24,2 mil alunos distribuídos em 79 escolas.
No Pará, o projeto contou com apoio do Unicef que bancou a importação da África do Sul de rádios movidos à corda (utilizando uma manivela acoplada ao rádio) e energia solar para atender a 300 escolas ribeirinhas da região da Amazônia e do Pará que não tinham energia elétrica. ''A idéia foi um sucesso e muito mais viável econômica e ecologicamente falando do que o uso de pilhas''. comentou Cythia, que explicou serem necessárias 60 cordas no rádio para garantir uma hora de som.
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O projeto consiste em desenvolver programas que sirvam de instrumento pedagógico nas salas de aulas, mas sempre destacando o lado lúdico da aprendizagem. ''O rádio é o instrumento mais simples de se lidar e que está presente em qualquer lugar'', afirmou Cynthia, justificando a escolha do veículo.
Para que o programa possa ser transmitido em grande escala, é necessário firmar parceria com alguma rádio local, que ceda o estúdio e inclua o programa na grade de programação.
No projeto-piloto desenvolvido no Pará os professores decidiram que os programas deveriam enfocar as matérias de português e matemática e a utilização de músicas foi a maneira encontrada para trabalhar os assuntos curriculares dentro da ''sessão pedagógica'', uma das 12 partes do programa de rádio, com meia hora de duração. ''Temos sempre o enfoque pedagógico, mas também trabalhamos temas transversais como sexualidade, cidadania e o Estatuto da Criança e do Adolescente'', disse Cynthia.
O programa é veiculado três vezes por semana, de manhã e à tarde, durante os horários de aulas para que os alunos e professores possam acompanhá-lo. Não há alto custo para escola, que só precisa disponibilizar um rádio com amplificador e pequenas caixas de som nas salas de aula para a reprodução do programa.
A produção dos programas é feita por uma equipe fixa de três pessoas, que podem ser estagiários universitários. Eles dividem a função de apresentar e entrevistar os alunos e professores, que também participam dos debates e escrevem cartas para o programa. ''É um espaço feito para eles. As crianças melhoram muito a produção de textos e, os professores, a auto-estima'', disse Cynthia.
O atual formato do programa contempla doze sessões, que são intercaladas. ''Leitura de histórias'', que busca resgatar personagens da história local; ''Correio do aluno'', que divulga as cartas enviadas pelos alunos; ''Correio pedagógico'', onde os professores trocam experiências; ''Entrevista com aluno'', ''Entrevista com professor'', ''Busca ativa'', que aborda experiências bem sucedidas para diminuir a evasão escolar; ''Jornal Informativo'', para divulgação eventos da escola e da secretaria de educação;''Debate'', com participação de especialistas; ''Sonho do aluno'', onde as crianças têm a oportunidade de falar sobre as suas expectativas do futuro; ''Rádio-novela'', mensal e produzida com os alunos e ''Sessão Pedagógica'', que encerra o programa, sempre utilizando uma música para trabalhar as disciplinas de português e matemática.
Em Londrina há pouco mais de um ano, onde está cursando mestrado na Universidade Estadual de Londrina (UEL), em Ciências Sociais, Cynthia está empolgada com a possibilidade da viabilização do projeto. ''A estrutura da universidade é muito boa e podemos abrir espaço para a participação de diversos cursos, como jornalismo, geografia, música, artes cênicas, criando um trabalho mais multidisciplinar.''